3 de outubro de 2013

Julgar o livro pela capa (10)

Lá diz o ditado do qual derivei o título desta série de artigos que não se deve julgar o livro pela capa, que é como quem diz, não nos devemos limitar pelas primeiras impressões. A verdade é que as primeiras impressões também são importantes - e aqui a capa de um livro desempenha um papel fundamental. Em termos pessoais, uma capa esteticamente mais ou menos apelativa (para os meus critérios, entenda-se) já me fez adiar decisões de compra, ou mesmo optar por edições de preço um pouco mais elevado.

Acontece que a ficção científica literária tem uma longa tradição de capas feias - não apenas pulpy, cujos motivos até podem ser considerados (com alguma boa vontade, é certo) um tanto ou quanto kitsch, mas mesmo horríveis. Os leitores habituais dos anos 50, 60 e 70, ávidos das histórias que as páginas continham, talvez as ignorassem; mas para novos leitores, as capas da época, com aquelas ilustrações estranhíssimas, o lettering manhoso e o conjunto de estética duvidosa, decerto não seriam uma boa publicidade. No blogue da Amazing Stories, MD Jackson deixa um artigo com alguns exemplos muito interessantes (incluindo um livro de um autor hoje muito na moda); abaixo, deixo exemplos de edições antigas de alguns dos meus livros preferidos da ficção científica daquela época.

As cores alegres e aventureiras não podiam contrastar mais com o drama do romance. Mesmo.
Design gráfico + psicotrópicos em dose generosa = esta capa
Não sei bem o que será pior aqui: se a ilustração se o lettering. O cor-de-rosa será por o livro ter sido 
escrito por uma mulher?
Menção honrosa do prémio "Cannot Be Unseen". 
Ácidos. Muitos ácidos. Mas o lettering é simpático. 
Sim: o livro é uma trip constante. Mas não era necessário exagerar.
De uma coisa podemos estar certos: esta capa não faz justiça nem ao romance de Bester nem à
introdução do Gaiman.
E as listas - tanto esta minha como a de Jackson na Amazing Stories - estão longe de ser exaustivas.

Fonte: Amazing Stories

Sem comentários: