25 de setembro de 2012

A ficção científica e o cinema: Terminator 2: Judgement Day

Terminator 2: Judgement Day (1991) será porventura um dos raros casos em que uma sequela consegue superar o filme original. O que impressiona neste caso é que The Terminator é já um excelente filme - como superá-lo? A fórmula seguida por James Cameron foi simples: pegou nas pontas soltas de The Terminator, "reprogamou" (literalmente) o personagem de Arnold Schwarzenegger do duro vilão do primeiro filme para herói do segundo, e criou um vilão ainda mais ameaçador e memorável - T-1000, o Exterminador de metal líquido protagonizado por Robert Patrick (quem é que consegue ver Patrick noutro filme e não pensar em T2?).

Onze anos após os acontecimentos de The Terminator, Sarah Connor (Linda Hamilton) encontra-se detida  e John Connor (Edward Furlong) vive com uma família de acolhimento. No futuro, a Skynet envia um novo Exterminador para o passado com o objectivo de eliminar aquele que será um dia o líder da resistência, e desta vez o modelo enviado é substancialmente mais avançado do que o original T-800 - o T-1000, um sofisticado Exterminador feito de metal líquido, mais resistente, capaz de assumir várias formas e de tornar o seu próprio corpo numa arma tão aguçada quanto mortífera. Para o impedir de cumprir a sua missão, o futuro John Connor envia um reprogramado T-800 para o passado - mas como conseguirá ele ganhar a confiança de Sarah Connor e do John Connor de 1995 após um modelo exactamente igual ter tentado eliminá-los onze anos antes?

Se The Terminator já era um grande filme de acção, Terminator 2: Judgement Day eleva a fasquia para um patamar muito difícil de alcançar. A narrativa é vertiginosa sem no entanto perder a sua densidade - Cameron é, de facto, um contador de histórias exímio, e poucos realizadores sabem conjugar a acção mais intensa com uma história de ficção científica coerente e verosímil. Já o provara em The Terminator e Aliens (numa década muito inspirada, diga-se de passagem), e volta a fazê-lo em Terminator 2: Judgement Day. A história da Skynet e da sua perseguição ao líder da resistência no passado é suportada por um conjunto de personagens complexas e bem desenvolvidas - Sarah Connor no seu esforço de conjugar o que sabe do futuro com a educação do seu filho e mais uma fuga de um inimigo impiedoso, John Connor com um enorme fardo ainda por se tornar real, e o cyborg T-800 a tentar compreender as emoções humanas. E, claro, convém não esquecer T-1000, um dos vilões mais implacáveis que a ficção científica cinematográfica já conheceu. 

Os efeitos especiais, esses, foram os melhores do seu tempo - e ainda hoje se revelam bastante sólidos. Não admira que tenha ganho vários prémios neste departamento - Óscar incluído - e que, à data, Terminator 2: Judgement Day tenha sido o mais caro filme jamais realizado. Pessoalmente, diria que cada dólar gasto foi bem empregue - nem que seja para ainda hoje me poder maravilhar com os espantosos efeitos especials de T-1000.

Há tantas cenas memoráveis em Terminator 2: Judgement Day que é difícil escolher a melhor. O pesadelo de Sarah Connor com um parque infantil a ser incinerado por uma explosão nuclear? A destruição do cerco policial por T-800 com uma Gatling Gun e um lança-granadas sem matar polícias? A deixa hasta la vista, baby, imortalizada no filme? A "ressurreição" de T-1000 após o seu corpo congelado com nitrogénio líquido ser estilhaçado em milhares de pedaços? O inesquecível final? É difícil escolher uma - para além destas, há muitas mais, e o facto de tantas cenas do filme permanecerem na memória é prova indelével tanto da sua força narrativa como da sua qualidade estética. 8.9/10

6 comentários:

Loot disse...

Sem dúvida os filmes mencionados são grandes clássicos de Cameron e que me fazem sempre ter um respeito enorme por ele.

O terminator 3 é que deixa a desejar e ainda não vi o 4.

Já agora uma breve correcção, pois trata-se de um erro muito comum nas traduções. Nitrogénio liquido é em português do Brasil, cá nitrogénio é azoto.

Abraço

Bráulio disse...

A minha cena preferida é quando o T-1000 chega ao hospital e se materializa a partir do chão para matar o segurança. Os efeitos especiais daí ainda hoje me deixam de queixo caído.
;)

João Campos disse...

Loot, julgo - com a devida margem de erro, claro - que os termos azoto e nitrogénio são sinónimos no português europeu, sendo no entanto o primeiro mais popular. No português do Brasil fica nitrogênio. Pessoalmente, não gosto da palavra “azoto” - don’t ask :)

João Campos disse...

Bráulio, em termos de efeitos especiais, T2 estava muito à frente do seu tempo - de tal forma que, mesmo com 21 anos, ainda dá lições a muito blockbuster que anda por aí. Essa cena de que falas é disso um óptimo exemplo.

Loot disse...

Sim a palavra existe realmente no dicionário, apesar de nunca a ter ouvido por cá ser usada. Tenho o sentimento contrário ao teu, gosto de azoto.

Desculpa o engano.

João Campos disse...

Ora essa, nada a desculpar. Aliás, agradeço o comentário, e sinto que não respondi devidamente. Do universo Terminator, vi apenas T1 e T2: Judgement Day. Não vi o terceiro - que, diz-me o IMDb, ainda teve Cameron como co-autor do argumento -, mas li as críticas, que me demoveram de ir ver o Salvation. Na verdade, não tenho muita curiosidade por estes dois títulos - trauma da série Alien, talvez?

Já quanto à série Terminator: The Sarah Connor Chronicles tenho muita curiosidade, não só por causa do universo mas também por causa do elento. Talvez pegue nela quando acabar a minha tour por Battlestar Galactica.

Abraço