Regressemos a 1999, ano em que a Capcom lançou um dos grandes jogos da Playstation clássica: Resident Evil 3: Nemesis. Este foi o primeiro título Resident Evil que joguei, e é provavelmente o melhor jogo de toda a série. Nemesis levou a experiência claustrofobia das mansões e dos laboratórios dos dois primeiros jogos para os espaços abertos de uma Raccoon City completamente invadida por zombies e criaturas piores. Desengane-se porém quem pensar que o jogo perdeu o seu clássico ambiente claustrofóbico. Pelo contrário - os extraordinários cenários de Resident Evil 3: Nemesis são ainda mais opressivos, dando ao jogador uma visão impressionante de uma cidade destruída à medida que este leva Jill Valentine a explorar ruas caóticas, espaços familiares como a esquadra da polícia (um dos principais cenários de Resident Evil 2, estando a cronologia dos dois jogos sobreposta), locais novos como a Torre do Relógio, o Hospital ou o Parque, e inúmeros espaços comuns da cidade, da redacção de um jornal a restaurantes, bares, lojas e oficinas.
Mas aquilo que distingue Resident Evil 3: Nemesis de qualquer outro título da série, mais do que as muitas melhorias introduzidas nos controlos, é, justamente, Nemesis - uma variante ainda mais grotesca do Tyrant (que, fora do jogo, se fica a saber ter sido criada pela Umbrella Corp.) com força e velocidade sobre-humanas, que anda por Raccoon City a caçar - literalmente - os elementos sobreviventes dos STARS (Special Tactics and Rescue Service), e vai perseguir Jill até ao derradeiro momento do jogo. Shinji Mikami, produtor de Resident Evil 3: Nemesis, inspirou-se nas experiências de Pavlov - ele mesmo o admitiu - ao associar uma música às aparições de Nemesis, usando essa mesma música mais tarde para gerar suspense e desgaste. O que resulta de forma brilhante - basta pensar na saída da esquadra da polícia, ou na passagem em que Carlos regressa à torre do relógio.
Jogar Resident Evil 3: Nemesis foi uma experiência formidável. Todo o jogo está construído de uma forma irrepreensível, com os cenários pré-renderizados a criarem um ambiente particularmente pesado, onde percorremos a cidade com uma sensação constante de desastre iminente. Os puzzles - um clássico dos jogos Resident Evil - são bastante bons; recordo-me, por exemplo, de andar horas e horas às voltas com um puzzle relacionado com amostras de água, sem perceber a sua mecânica, desenhando esquemas num caderno para tentar compreender a lógica subjacente - que acabou por chegar após ter desligado a consola, num verdadeiro momento "eureka". E, claro, Nemesis - um dos melhores vilões que já encontrei em videojogos, na sua perseguição constante. Tanto do ponto de vista de história como do ponto de vista da jogabilidade, Resident Evil 3: Nemesis é excelente - sem dúvida um dos melhores jogos criados para a velhinha Playstation.
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