Quis a sorte que me parasse por momentos nas mãos a revista Ler de Fevereiro. Nesta, as páginas 22 e 23 são ocupadas pela rubrica "Livros no Top" - que, tal como o nome indica, é relativa às vendas de livros em várias categorias. Sem surpresa, a edição portuguesa de A Game of Thrones (A Guerra dos Tronos, da Saída de Emergência) aparece em décimo lugar no top de "Ficção" da Fnac. A breve descrição que a Ler faz deste livro é de antologia:
Começa a saga de Lorde Eddard e do seu senhor (sem anéis). Pode não ter hobbits, mas há «o anão Tyrion, a ovelha negra do clã Lannister.
Eu, que tenho sensivelmente o mesmo poder de síntese de uma formiga, tenho a perfeita noção de que descrever um livro como A Game of Thrones em 27 palavras é capaz de ser mais difícil do que arrastar um gafanhoto morto para um buraco de dois milímetros no chão. Mas uma revista literária que se quer "de referência" devia ser capaz de fazer um bocadinho melhor que o citado. Bastava, sei lá, entregar a tarefa a um colaborador que 1) tivesse lido o livro e 2) não achasse que qualquer obra de fantasia segue necessariamente as regras estabelecidas por Tolkien. Bem sei que o termo "de referência" anda pelas ruas da amargura quando combinado com o jornalismo português (como sei que o Fantástico interessa tanto ao jornalismo literário "de referência" como a cigarra interessa à formiga), mas não é preciso exagerar.
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