11 de janeiro de 2014

O som e a fúria (8)

Talvez não surpreendesse ver um grupo de música electrónica a explorar através da sua música temas e conceitos de ficção científica. Ou uma banda de heavy metal a utilizar iconografia de horror. Ou ouvir um álbum conceptual de rock progressivo a contar, a cada música, uma história fantástica. Ou mesmo alguma pop: nos dias que correm o geek está na moda, e o mainstream está a transbordar de referências, mais ou menos contextualizadas, aos comics e a alguma ficção científica. Enfim, isto são estereótipos - como todos têm um fundo de verdade e incluem uma margem de erro generosa. Mas a verdade é que em 2007, a cantora norte-americana Janelle Monáe surpreendeu com a sua música arrojada, a misturar as suas referências de R&B e soul com influências conceptuais de Philip K. Dick e de Metropolis, a obra-prima do expressionismo alemão que Fritz Lang legou à ficção científica cinematográfica. Muito apropriadamente, o seu primeiro EP recebeu o título de Metropolis: Suite 1 (The Chase), a primeira de sete partes do seu trabalho conceptual desenvolvido em redor da sua personagem/alter ego Cindi Mayweather - uma andróide produzida em 2719, numa sociedade extremamente estratificada. A seu tempo, regressarei a esta obra (que, de resto, só há pouco comecei a descobrir); para já, fiquemos com a curta que serve de videoclip a um dos temas deste primeiro trabalho: Many Moons.

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