30 de janeiro de 2014

EVE Online: Batalha espacial de larga escala torna-se num dos maiores confrontos já vistos em videojogos

É curioso notar como a space opera, um subgénero da ficção que apesar de ter origem na literatura acabou por se tornar popular e icónico através da televisão e do cinema, acabou por perder muita da sua força nos meios audiovisuais para ser recuperado em livro e nos meios interactivos em ascensão (leia-se: videojogos). Com 2014 e 2015 a prometerem o renascimento dos simuladores espaciais nesta nova geração em títulos como Star Citizen, Elite: Dangerous ou No Man's Sky, ainda em desenvolvimento, cabe ao vetusto EVE Online ir fazendo as honras no nicho muito próprio que conquistou ao longo de mais de dez anos no competitivo mercado dos jogos massively multiplayer online. Nunca joguei EVE; o tempo que os MMO exigem e a curva de aprendizagem conhecida pela sua inclinação acentuada sempre me afastaram do jogo (durante anos, como se sabe, boa parte do meu tempo livre foi ocupada pelo World of Wacraft). No entanto, as histórias das alianças, das traições e das batalhas que se travam naquele universo sempre me chamaram a atenção quando surgem na imprensa especializada. Como a história da Batalha de Asakai, decorrida no ano passado, desencadeada quando o piloto de uma nave de classe Titan (as maiores e mais poderosas do jogo) cometeu um erro de cálculo num warp jump e foi parar a território hostil. E um ano volvido, a história repete-se - não como farsa ou tragédia, mas numa batalha que atingiu proporções incomparavelmente maiores.


B-R5RB é o nome da batalha iniciada iniciada há dois dias, e que se tornaria numa das maiores e mais destrutivas batalhas dos mais de dez anos de EVE. As estatísticas, divulgadas no portal The Mittani (associado à facção vencedora), impressionam pela escala - com combates que se prolongaram ao longo de 21 horas, envolvendo mais de 7500 personagens únicas (num máximo de 2670 em simultâneo), divididas por 717 Corporações em 55 Alianças. A Batalha de Asakai, já notável pelas suas enormes proporções, viu três naves de classe Titan destruídas - cada uma exige recursos tremendos e vários meses de construção e preparação; em B-R5RB foram destruídas 75 naves Titan (sim: setenta e cinco), para além de 13 Supercarriers, 370 Dreadnaughts e 123 Carriers, tanto no sistema onde decorreu a batalha principal como em noutros sistemas, em fugas ou escaramuças para impedir reforços. Mais impressionante ainda é o impacto económico interno do confronto: em isk, a moeda da economia do universo de EVE, os estragos estão avaliados em cerca de 11 triliões de isk. Na conversão própria entre aquela economia virtual e a economia real, este valor rondará os 330 mil dólares. 

Que tudo isto tenha sido desencadeado pela falta de pagamento da ocupação de uma estação espacial num sistema estratégico só torna toda a história mais interessante (e hilariante, quando vista de fora). Uma descrição mais pormenorizada do que se passou pode ser lida no blogue da comunidade de EVE Online; de acordo com a CCP Games, a produtora do jogo, a batalha de B-R5RB será assinalada por um monumento comemorativo, a pedido de inúmeros jogadores. 

Que um videojogo seja capaz de gerar histórias e narrativas espontâneas como as batalhas de Asakai ou B-R5RB não deixa de ser fascinante. Como descreveu Erik Kain no seu artigo na secção de gaming da Forbes (a tradução é minha), "uma economia perfeitamente funcional, batalhas espaciais entre jogadores e facções inimigas espontâneas e tremendas na escala, e os estragos subsequentes fazem [de EVE Online] um dos poucos jogos massively multiplayer a revelar-se surpreendente de vez em quando. Sem guião." Veremos se os space sims que estão na calha terão a mesma capacidade de criação de um universo com esta intensidade.


2 comentários:

André Pereira disse...

Incrível, visto de um ponto de vista leigo é mesmo inacreditável, mas imagino a lag que se está a sentir lá dentro. O Time Dilation que usam nessas batalhas tornam conflitos de segundos em horas. Apre :x

João Campos disse...

Sempre que leio notícias deste género tenho vontade de jogar EVE. Mas depois lembro-me do time sink que são os MMO, e a coisa passa. Enfim, pode-se sempre ler sobre o que vai acontecendo; já é qualquer coisa.