18 de dezembro de 2013

Alfred Bester (1913 - 1987)

Assinala-se hoje o centenário do nascimento de Alfred Bester, talvez menos recordado hoje do que devia: um dos grandes da ficção científica dos anos 50, 60 e 70, foi o primeiro autor a vencer o Prémio Hugo na cobiçada categoria de "Best Novel": estávamos em 1953, e o romance foi The Demolished Man, um policial futurista num mundo onde a telepatia se tornou comum. Foi publicado originalmente nas páginas da revista "Galaxy Science Fiction" e dedicado ao seu editor, Horace L. Gold. 

Seria o único Hugo que Bester receberia na sua prolífica carreira - mas The Demolished Man está longe de ser a única pérola que a sua bibliografia deixou ao género. Em 1954, o poema clássico de William Blake serviu de abertura a The Stars My Destination, em algumas edições intitulado Tiger! Tiger!. Um livro revolucionário para a sua época - há mesmo quem considere Bester como um dos percursores, ainda nos anos 50, do que viria a ser a "New Wave" nos anos 60. Sobre The Stars My Destination, escreveu William Gibson: 
It was, I saw in my twenties, a book that had absolutely ignored everything that science fiction had been doing when it was written. It was built on bones pilfered from Dumas and Dickens (steal only the best). It was clad in a skin of archly sophisticated Mad Ave ur-hipness, with all the grot and glitter of a fully happening dude’s postwar Manhattan (something no other science fiction writer of the era was able to offer). It was, I recognized then, an utterly urban thing. It made most of the rest of its assumed genre look hick.  
Bester’s protagonist hurls himself naked from a spaceship, fuelled by hatred. Bester’s novel hurled itself naked from the science fiction of its day, fuelled by something hipper than hatred, more potent. Into that vacuum, and on, into the actual 21st Century, Gully and the book rock. 
As palavras de Gibson (o texto completo pode ser lido aqui) surgem a propósito da reedição de The Stars My Destination na colectânea de 2012 American Science Fiction: Classic Novels of the 1950s. Um romance notável, uma espécie de Conde de Monte Cristo num futuro psíquico, do qual já falei aqui - e ao qual talvez regresse na próxima Sexta-feira a propósito da efeméride.

O legado de Bester, porém, é mais vasto do que estas duas obras. Entre os romances que publicou contam-se The Rat Race (1953), The Computer Connection (1975), Golem100,(1980), The Deceivers (1981) ou Tender Loving Rage (1991). Mas também publicou dezenas de contos, como todos os autores do seu tempo; e alguns deles tornaram-se clássicos. Adam and No Eve (1941), Of Time and Third Avenue (1952), Star Light, Star Bright (1953), 5,271,009 (1954), Fondly Fahrenheit (1954) e The Men Who Murdered Mohammed (1958) serão disso exemplos. O seu primeiro trabalho publicado foi o conto The Broken Axiom, nas páginas da revista "Thrilling Wonder Stories" em 1939.

Ao longo da sua vida, Bester trabalhou para a DC Comics em títulos como Superman ou Green Lantern, escreveu comics para jornais, desenvolveu guiões para rádio e televisão. Em 1988, foi nomeado "Grand Master" pela Science Fiction Writers of America, e passou a integrar o Science Fiction Hall of Fame em 2001. Nascido a 18 de Dezembro de 1913 em Nova Iorque, Alfred Bester faleceu a 30 de Setembro de 1987.

Sem comentários: