A ficção científica habituou-nos à ideia das grandes naves espaciais militares que servem como base para naves mais pequenas e manobráveis - um pouco como os porta-aviões que são utilizados pelas forças armadas no planeta. Star Wars mostou vastas cenas de batalha com os clássicos "X-Wings" e os "TIE Fighters"; Battlestar Galactica mostou vastas naves deste tipo - das naves de classe "Battlestar" da Humanidade, com os seus "Vipers", às "Basestars" dos Cylons. E, claro, qualquer jogador de Starcraft facilmente reconhecerá os Carriers dos Protoss com as suas características frotas de "Interceptors" robotizados. Em teoria, este tipo de naves até pode parecer uma boa ideia (e permite óptimas cenas de acção, autênticas dogfights no vazio do espaço); mas, em termos práticos, um modelo carrier seria viável para uma nave espacial militar?
Para obter a resposta a esta pergunta, em Setembro último a revista Foreign Policy entrevistou Chris Weuve, analista naval, antigo professor do Naval War College dos Estados Unidos e fã de ficção científica (via io9). E a resposta foi lacónica: uma nave carrier no espaço não faz qualquer sentido.
[But] in space, you don't need that doorway between the sea and the sky, because your "fighter" is operating in the same medium as the mothership. You don't need a flight deck. You just need a hatch, or maybe just a clamp that attaches the fighter to the hull if you don't mind leaving it outside. You don't need the big engines or the big elevated flight deck. And hence it doesn't make nearly so much sense to put all of your eggs in one basket. There might still be some efficiencies in grouping them together, but the fighters are probably more analogous to helicopters rather than F-18s. Almost every ship in the U.S. Navy carries a helicopter, or at least could temporarily. And before the emails start, Battlestar Galactica is one of my favorite TV shows.
O que pode parecer estranho, mas até faz sentido: lembremo-nos das extraordinárias batalhas espaciais que Joe Haldeman descreve em The Forever War. Mas será que a ficção científica não consegue traduzir a nossa experiência militar para o espaço com um módico de realismo?
(...)"realistic" is a word that I have problems with. For a lot of these models, the assumption drives the conclusion. The ability of your laser cannon drives a lot of the problem. If you have a faster-than-light propulsion or communications capability, that also drives the problem. If you do a fairly simple extrapolation of current technology, what you end up with is space combat as sort of ponderous ballet with shots fired at long distance at fairly fragile targets where you have to predict where the target is going to be. You don't end up with space fighters. You don't end up with lots of armaments.
O que não quer dizer que esteja tudo errado com a ficção científica espacial contemporânea:
(...) For example, the new Battlestar Galactica is probably the best at depicting life on board a ship. That ship is very spacious compared to a U.S. Navy warship, but the inside of it looks correct. (...)
Para quem se interessar pela ficção científica espacial, esta entrevista e a acesa discussão na caixa de comentários serão certamente muito interessantes. Fica a sugestão de leitura.
Fontes: io9 / Foreign Policy
10 comentários:
Bem, assim de repente consigo lembrar-me de uma boa razão pra ter "inner decks"... manutenção.
Uma coisa que não faz sentido de todo é ter tripulantes humanos a bordo dos fighters/interceptors. Esses deviam estar a bordo, em consolas, e mudar para outra nave quando a que pilotavam fosse destruída. Senão, não haveria taxa de natalidade que pudesse garantir tripulantes para o próximo combate.
AF, mas manutenção só será viável para "dropships" (uma nave como a Galactica será grande de mais para entradas na atmosfera). Combate com caças torna-se mais ou menos irrelevante.
Anónimo, nem sei se deviam estar a bordo. Talvez as unidades de combate devessem ser controladas por computador. Isto, claro, partindo do princípio de que o modelo de combate continuaria viável.
O Almirante Adama discorda com as tuas entradas na atmosfera :P
Quando o "Old man" quer, as coisas acontecem.
A questão é que esse momento da série tem tanto de espectacular como de "jumping the shark". No momento em que se vê, a coisa é formidável - eu adorei e quase aplaudi - mas quando pensas um pouco no assunto vês que é um disparate. Por três motivos: 1) a Galactica não aguentaria a manobra, 2) os Vipers seriam desfeitos na saída e 3) a onda de choque provocada por a entrada na atmosfera de uma nave do tamanho da Galactica àquela velocidade provocaria uma onda de choque que reduziria o acampamento a poeira.
Mas que é um grande momento, é...
Fisicamente, aceito o que dizes. Mas lá está, é um grande momento, é um grande Suspension of disbelief.
Quando quero mostrar a série a alguém, mostro sempre isso. Ficam rendidos.
Eu não discordo disso - é, de facto, um momento espectacular, mas também foi um dos momentos em que a minha suspensão da descrença foi esticada até ao limite do limite. Foi óptimo ver o Adama a fazer uma jogada de alto risco, mas na prática aquela manobra devia ter-lhe custado muito mais do que a Pegasus (lá está - a forma como o Lee sacrifica a Battlestar Pegasus é formidável e espectacular, mas idiota; com o elemento surpresa do lado dele não lhe devia ter sido difícil retirar de lá a nave a tempo de dar um valente spanking nos Cylons).
Sempre achei que naves e combates ao modo de Star Trek fossem mais realistas. Acredito que a Enterprise é o retrato mais próximo do dia em que conquistarmos a navegação em espaço profundo. Mas a Galactica foi pensada para ser um retrato mais próximo do que temos hoje, é uma recriação da nossa sociedade com todos os seus erros em um ambiente espacial. Neste caso a mescla de encouraçado e porta-aviões gigante ficou muito boa. E na minha opinião os combates de Battlerstar Galactica são muito mais emocionantes.
É possível, mas não o saberia dizer. Não conheço o "Star Trek" mais antigo. Quanto ao mais recente, o realismo será no mínimo... problemático.
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