22 de novembro de 2012

Efeitos especiais antes dos truques da CGI - O caso de Terminator 2: Judgement Day

Hoje em dia, qualquer filme de (ou com elementos de) ficção científica recorre a CGI (Computer-Generated Imagery) para fazer praticamente tudo aquilo que se possa imaginar: cenas de luta, preenchimento de cenários, mecanismos intrincados... até mesmo personagens inteiras - veja-se Gollum em The Lord of the Rings ou The Hobbit. A coisa banalizou-se ao ponto de se tornar mais prático (e decerto mais barato) filmar perante a tela verde e compor tudo em computador do que filmar num local próprio e recorrer a truques de câmara para resolver algumas situações. Muito para desespero de alguns actores, obrigados a actuar no vazio para bolas de ténis ou fotografias - como foi o caso, ainda recente, de Ian McKellen

Houve porém um tempo, e ainda não muito distante, em que mesmo os filmes com os orçamentos mais altos não podiam recorrer a telas verdes para conseguir executar a visão do realizador (ou, mais simplesmente, para não obrigar as equipas técnicas a serem criativas na filmagem e na montagem). Isso, porém, não impediu alguns filmes de se tornarem revolucionários do ponto de vista visual. Mesmo The Matrix, que já envolveu muitas telas verdes, puxou imenso pela força de braços da equipa de produção (literalmente), mas para encontrarmos bons exemplos temos de recuar mais alguns anos. Jurassic Park (1993), de Steven Spielberg, ficou conhecido e foi aclamado pelos seus dinossauros assustadoramente realistas* e quase sempre animatrónicos. Mas julgo que o caso mais interessante é o de Terminator 2: Judgement Day. No blogue da Stan Winston School of Character Arts, é mostrado num longo e fascinante post como foi feito o T-1000, o célebre Exterminador de metal líquido interpretado e imortalizado por Patrick Stewart Robert Patrick** e pela extraordinária combinação de talento e criatividade dos Stan Winston Studios. É uma pena que o vídeo disponibilizado não esteja disponível (devido a questões de copyright com o YouTube), mas tanto o texto como as imagens dão uma ideia muito clara do enorme trabalho necessário para criar um filme com mais de 20 anos cujos efeitos especiais continuam a ser topo de gama - mesmo quando nos encontramos em plena revolução digital.

Evan Brainard, designer de mecânica dos Stan Winston Studios, toca no "Pretzel Man" nos estúdios de Terminator 2: Judgement Day. Imagem da Stan Winston School of Character Arts.


*No ecrã, entenda-se. Sabemos perfeitamente que os Velociraptors eram, na verdade, pouco maiores do que uma galinha, e há elevadas probabilidades de o T-Rex estar coberto de penas e ser mais felpudo do que alguma vez imaginámos

**Corrigido o erro. O actor não se chama Patrick Stewart, mas Robert Patrick. Não perguntem (obrigado, Bráulio, pelo alerta!)


5 comentários:

Bráulio disse...

Tens aí uma valente gag.
Patrick Stewart? :P

Anyway, grande post. Não tinha noção. :)
E verdade seja dita, já chega de "Attack of the Clones". Hehehe.

João Campos disse...

Muito obrigado pelo reparo. Corrigido, e referido!

Chega mesmo de "Attack of the Clones". We want our real movies back.

Stanley disse...

Grande parte das pessoas pensa que desenvolver os efeitos em CGI é mais barato do que os criar de forma "tradicional". A resposta, na realidade, é um "nim". Como nos provou (uma vez mais) Ridley Scott com o "Prometheus". Ficou mais barato criar "à oldschool" todos os cenários do que ficaria se os fizessem em CGI. E não esquecer que o desempenho dos actores sai também beneficiado e, por consequência, nós a audiência :)

Quiça, pode explicar em parte o "papelão" de Hayden Christensen nos Star Wars. :x

Bráulio disse...

Pena que parte do orçamento de Prometheus não tenha ido também para o argumento. :P

João Campos disse...

Stanley, isso é bem verdade. O desempenho dos actores sai beneficiado e o filme, muitas vezes, parece mais natural e menos artificial.

Bráulio, roubaste-me o comentário :) Se bem que, verdade seja dita, é possível que muito orçamento do Prometheus tenha ido para o argumento - o que torna a coisa ainda mais grave.