18 de novembro de 2012

Alan Moore (1953 - )

A história dos comics está repleta de figuras - reais - marcantes e geniais, mas poucas terão contribuído de forma tão decisiva para a afirmação qualitativa de um meio de expressão normalmente considerado inferior como Alan Moore. Um dos mais originais autores do género, Alan Moore elevou a fasquia no universo dos comics ao dar-lhe um carácter quase literário na construção e desconstrução das suas personagens, na elaboração narrativa e mesmo nos temas abordados. Entre 1982 e 1985, na extinta revista de comics britânica Warrior, publicou com o ilustrador David Lloyd V for Vendetta, uma densa e fascinante visão de uma Inglaterra futurista e distópica dominada por um governo fascista ameaçado por um terrorista fascinante na sua ambiguidade. Mas foi entre 1986 e 1987 que Moore viria a revolucionar definitivamente os comics com Watchmen, uma série limitada de doze fascículos com ilustração de Dave Gibbons e publicação da DC Comics que desconstrói de forma soberba as histórias convencionais de super-heróis (sem nunca deixa de ser uma história de super-heróis) através de uma estrutura narrativa original e fragmentada. Watchmen recebeu uma enorme aclamação da crítica, dentro e fora da indústria dos comics: para além do Prémio Hugo e de muitas outras distinções, foi a única graphic novel a ser incluída na lista das "All-Time 100 Greatest Novels" da revista Time. 

Mas Alan Moore não ficou por aqui: na sua vasta e extraordinária bibliografia encontram-se comics como From Hell, Lost Girls, Promethea e The League of Extraordinary Gentlemen, entre outras. Reformulou The Swamp Thing, e das páginas desta personagem acabou por contribuir para a criação de outra: o carismático John Constantine, personagem central da série Hellblazer da linha Vertigo da DC. Trabalhou também personagens conceituadas como o Super-Homem ou Batman (entre muitas outras), assinando álbuns memoráveis como The Killing Joke. Em prosa, é autor do livro Voice of the Fire, de 1996.

É também conhecido pela oposição à adaptação dos seus trabalhos a outros meios, nomeadamente ao cinema: várias foram as polémicas desencadeadas pelas adaptações de V for Vendetta e Watchmen.

Natural de Northampton, no Reino Unido, Alan Moore celebra hoje 59 anos. 

2 comentários:

André Nóbrega disse...

De facto Alan Moore merece os parabéns, não especialmente pelos 59 anos que hoje celebra, mas porque passou uma boa parte deles a mudar o mundo à sua maneira. Criações como V for Vendetta, Promethea ou League of Extraordinary Gentlemen são autênticas lendas no mundo da BD e, em especial no caso do primeiro, passam as fronteiras até do mundo da literatura e acabam por ter, para o bem ou para o mal e com a ajuda do cinema, um impacto importante na sociedade em geral. Mas no meu entender o melhor da sua obra, de entre o que já li, é sem dúvida o Watchmen. Em doze fascículos Alan Moore construiu uma realidade alternativa assustadoramente credível, personagens inesquecíveis e deu uma lição em suspense e distopia à maior parte dos autores que se embrenham nessa temática. O mundo precisa de autores que, como ele, consigam escrever a humanidade possível ou provável, que usem a ficção especulativa até ao seu limite na sua função de promover o nosso auto-conhecimento e de nos preparar para sermos cada vez melhores e lidarmos com o futuro, seja ele como for, quando se tornar presente.

João Campos disse...

Watchmen é de facto uma obra extraordinária - tanto em termos de worldbuilding como em termos de personagens e de estrutura narrativa.