23 de maio de 2012

Literatura fantástica: que obras poderiam originar bons videojogos?

Fala-se frequentemente da adaptação de livros para filmes - mas hoje, a ideia é sugerir a adaptação de livros para videojogos. Já houve algumas, mais ou menos bem sucedidas. Mas que livros de ficção científica e fantasia poderiam ser adaptados para videojogos? 

Esta lista no Kotaku sugere vários. Discworld é evidente, claro - até porque já foram feitos vários videojogos com base na obra de Terry Pratchett. The Forever War, de Joe Haldeman, poderia ser muito interessante em termos de tema, mas provavelmente muito difícil de executar devido à dilatação temporal (que é fundamental à obra). Os restantes ainda não li, mas tenho algumas sugestões:

A mais evidente: Gateway, de Frederik Pohl. Já foram feitos dois videojogos com base neste universo (em 1992 e 1993), mas creio que poderia ser interessante fazer um role-play de ficção científica moderno com base na premissa do livro - a de que existe, num asteróide perto da Terra, um porto espacial com uma série de naves pré-programadas de uma civilização alienígena antiga. Aliás, pensando agora nisso, um videojogo de Gateway bem executado poderia ser mesmo muito bom - tanto em modo single-play como em modo co-op, já que as naves Heechee podem levar um máximo de cinco passageiros. Alguém envie a ideia à Bethesda (já que a Bioware está queimada e a Blizzard estragaria tudo com leilões e requisitos de always-online). 

The End of Eternity, de Asimov, também poderia resultar num bom videojogo, em formato role play, no qual o jogador explorasse a estrutura temporal daquele universo, mas aqui teria de haver mais algum cuidado - o tema das viagens no tempo é sempre delicado. De qualquer forma, a possibilidade de fazer várias missões ao longo da linha temporal para ajustar a história ao sabor das necessidades narrativas seria sem dúvida aliciante. 

E, claro, ainda no formato role play, não poderia não mencionar Earthsea, de Ursula K. Le Guin - ainda que não haja propriamente escassez de jogos role-play em universos de fantasia (bem pelo contrário).

The Stars My Destination, de Alfred Bester, poderia ser muito interessante num formato mais orientado para a acção, na terceira pessoa. Gully Foyle seria certamente um protagonista fascinante para acompanhar ao longo da sua odisseia de vingança pelo Sistema Solar. 

7 comentários:

Anónimo disse...

Lembro-me há muitos anos no tempo do MS-DOS jogar uma coisita que teria eventualmente pontos de contacto com o Blade Runner e o cyberpunk. E claro gastei muitas horas da minha juventude de volta do Dune 2. Those were the days!

joão campos disse...

Já não são do meu tempo... O Blade Runner/Do Androids Dream of Electric Sheep? poderia dar uma boa inspiração, talvez. O Dune também. Pessoalmente, contudo, acho que Gateway é o livro de sci-fi (dos que já li, claro) com maior potencial para originar um grande videojogo.

Anónimo disse...

Já não me recordo muito do Gateway mas a primeira secção não é toda passada dentro duma nave sem mais ninguém a não ser o miúdo?

É que muito perto desse tema houve uma adaptação do Rendez-vou with Rama para PC bastante fiel ao livro e que também era tipo puzzles.

João Campos disse...

Não. O Gateway (de Frederik Pohl) é a história de um asteróide perto da Terra que contém um porto espacial com naves pré-programadas de uma raça antiga. Os prospectores que se candidatam embarcam nas naves sem saberem para onde vão - e se voltam.

A história é contada na primeira pessoa, em dois momentos diferentes (muito ao estilo da divisão de capítulos em The Dispossessed, da Le Guin). De forma muito resumida, o protagonista vai relembrando a história durante as suas sessões com o psiquiatra.

João Campos disse...

E, já agora, o Rendezvous With Rama é formidável. Esse eu gostava era de ver em filme.

Anónimo disse...

Estava a fazer confusão com outro livro da série Heechee. A idade não perdoa.

João Campos disse...

Heh. Da série Heechee só li Gateway. A ver se pego nos restantes um dia destes (apesar de ter algum receio).