11 de abril de 2012

Os (meus) videojogos e o Fantástico (5) - Starcraft 2: Wings of Liberty

É natural que, sendo Starcraft um dos meus videojogos preferidos (e sem dúvida um dos melhores jogos que já joguei), a sua sequela tenha sido aguardada com imensa expectativa. Não era para menos: Starcraft e a sua extraordinária expansão, Broodwar, foram lançadas entre 1998 e 1999; e ainda que apenas tenha jogado estes dois títulos a sério a partir de finais de 2003, quando finalmente arranjei um computador, rapidamente a excelente narrativa de ficção científica suportada por uma jogabilidade ímpar me cativaram. Personagens como Jim Raynor, Arcturus Mengsk, Sarah Kerrigan e Zeratul tornaram-se em referências, e a curiosidade para saber como continuaria a série após o final brutal de Broodwar era imensa.

Eis que em 2010 a Blizzard Entertainment finalmente lançou a continuação: Starcraft 2: Wings of Liberty, prometendo continuar a narrativa onde a deixara mais de uma década antes, mas desta vez de forma diferente. Ao invés de explorar três campanhas no mesmo jogo, uma para cada raça (Terrans, Zerg e Protoss), a Blizzard decidiu centrar Wings of Liberty apenas nos Terran - mais concretamente na personagem de Jim Raynor -, com duas expansões previstas para Zerg (Heart of the Swarm, que talvez saia ainda este ano) e Protoss (Legacy of the Void, que certamente demorará a ver a luz do dia) continuarem a história. Muitos foram os protestos da comunidade perante esta medida, mas a verdade é que ela funciona (e a minha raça preferida é mesmo a Protoss). Após os acontecimentos de Broodwar, Raynor e o seu bando de revolucionários foram declarados terroristas pela Terran Dominion de Arcturus Mengsk. No planeta de Mar Sara, Raynor encontra um velho amigo - Tychus Findlay - que lhe propõe recuperar para a enigmática Moebius Foundation uma série de artefactos da antiga civilização Xel'Naga, responsável pela criação dos Zerg e dos Protoss. No decorrer desta busca, Raynor encontra algumas personagens novas, como Gabriel Tosh e Ariel Hanson, um velho e misterioso aliado (Zeratul) e alcança algumas vitórias decisivas na sua luta contra a Terran Dominion. Mas o seu derradeiro objectivo é mais ambicioso...

Em termos de jogabilidade, Starcraft 2: Wings of Liberty é uma versão grandemente melhorada do seu antecessor, com missões extremamente originais, mantendo-se muito fiel ao estilo de real-time strategy que o tornou célebre. A campanha individual afasta-se do tradicional modelo linear para apresentar narrativas secundárias com finais alternativos. Isto não só aumenta a longevidade do jogo como também reforça a própria narrativa, complementada nas as pausas entre missões através da interacção do jogador com várias personagens que constituem a tripulação do battlecruiser Hyperion em vários espaços desta nave capital, como a ponte, o bar (que tem uma jukebox muito boa e uma arcade onde se pode jogar o clássico da Blizzard Lost Viking), o laboratório ou o arsenal. A opção de centrar o primeiro jogo da série Starcraft 2 numa única raça ganha aqui força, permitindo explorar a história de Raynor com maior profundidade. E, claro, existe o bónus de uma curta mas excelente campanha com os Protoss...

É certo que a história de Starcraft 2 recebeu algumas críticas por se centrar cada vez mais nas personagens individuais, e menos nos acontecimentos de grande escala, e por ser excessivamente baseada em clichés mais ou menos ultrapassados. Ambas as críticas são verdadeiras, mas estão longe de serem negativas. Por um lado, os "acontecimentos de grande escala" de Starcraft e Starcraft: Broodwar sempre foram impulsionados por personagens, regra geral muito boas: basta pensarmos em Mengsk, Kerrigan, Tassadar ou Zeratul. Por outro, os clichés estão mesmo lá todos, e ao invés de os dissimular, a Blizzard assume-os num misto de homenagem e paródia. Sim, Wings of Liberty parece saído directamente dos anos 80, com o seu característico sentido de humor, o tema clássico de marines in space e o seu tom muito próprio. Mas também é uma space opera à antiga, com uma narrativa simples e repleta de acção, daquelas que já não se fazem hoje nem na literatura nem no cinema. E isso, nos dias que correm, é formidável. 

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