Na apresentação de O Cavaleiro de Westeros e Outras Histórias, no passado dia 18, houve a possibilidade de o público colocar algumas questões a George R. R. Martin. Foi uma sessão muito descontraída e com bastante humor, na qual o autor esclareceu que, apesar de ter algumas notas dispersas sobre o futuro da história, "se me acontecer alguma coisa, estão todos sem sorte".
Quando lhe perguntaram qual o seu personagem preferido no universo de A Song of Ice and Fire, George R. R. Martin não hesitou: Tyrion Lannister. "O que não significa que ele esteja a salvo", acrescentou. O autor assumiu uma predilecção por personagens bem construídos, e no caso de Tyrion aprecia especialmente a sua faceta de "underdog" e a astúcia que o caracteriza, e que lhe dá às suas palavras um sentido de oportunidade particularmente apurado.
Já sobre o processo de escrita, Martin afirmou não escrever os capítulos pela ordem que eles têm nos livros. "Gosto de explorar um personagem quando estou dentro da sua cabeça", explica, "e quando surge um problema, mudo de personagem". Ainda assim, considera ser "difícil mudar de personagens. Cada um tem a sua voz própria."
Sobre o grande universo de A Song of Ice and Fire, George R. R. Martin disse, em resposta a uma pergunta, não tencionar escrever algo de concreto sobre momentos do passado recente da narrativa, como a Rebelião de Robert, ou sobre personagens como Rhaegar Targaryen e Lyanna Stark. "Tudo o que houver de relevante sobre isso será revelado em A Song of Ice and Fire quando a história estiver concluída". Entretanto, "há outras coisas que quero fazer, como escrever mais sobre o Dunk e o Egg, ou mesmo outras histórias de Westeros" - e, claro, "regressar à ficção científica e ao horror". Quanto ao final da série, remeteu a possibilidade de um final feliz para as expectativas dos leitores, reforçando a intenção de criar um final que "seja satisfatório, podendo ser bom para alguns e mau para outros". Por outras palavras, o final "agri-doce" a que já aludira noutras ocasiões. Como exemplo, dá o final de The Lord of the Rings, que considera ser "extremamente satisfatório e profundo", e destaca o capítulo The Scouring of the Shire, omitido na adaptação cinematográfica, como fundamental para o livro.
Tolkien é, aliás, uma das grandes influências de George R. R. Martin, que apesar de se sentir "lisonjeado" pelo título de "o Tolkien americano", descarta qualquer comparação com o velho professor inglês. Para além deste, entre os seus autores preferidos destaca Jack Vance, Roger Zelazny e Robert A. Heinlein, o seu autor preferido em jovem.
No final, disse tencionar escrever outras histórias quando "acabar A Song of Ice and Fire", e desabafou: "preciso de imortalidade!" E, numa breve reflexão sobre o seu fandom, conclui que "a vantagem de ter milhões de fãs é que, se por acaso precisar de um rim...", para gargalhada geral da sala.
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