28 de março de 2012

Os (meus) videojogos e o Fantástico (3) - Starcraft

Lançado em 1998, ainda hoje muitos críticos e jogadores consideram Starcraft o melhor jogo de estratégia em tempo real de sempre. O que não surpreende: a sua intensa campanha individual suportada por uma excelente história aliada à possibilidade de jogar com e contra outros jogadores através de LAN ou do famoso Battle.net - o sistema de jogo on-line da Blizzard Entertainment - teve com resultado um jogo denso e brilhante, no qual os jogadores têm a possibilidade de controlar uma de três raças no decurso do seu conflito galáctico: Terran, Zerg e Protoss. Cada uma destas raças tem forças e fraquezas específicas, e as forças e fraquezas de cada uma delas complementam-se num esquema de "pedra-papel-tesoura" perfeitamente equilibrado.


Na narrativa, os criadores do jogo não esconderam as suas influências: de Alien a Starship Troopers, elas são evidentes e, num momento ou outro, são mesmo parodiadas. Em termos narrativos, o jogo tem um certo eighties feel - acentuado sobretudo no segundo título, de 2010. Isso, contudo, não lhe retira valor; antes pelo contrário, confere-lhe uma identidade muito própria e inconfundível. Num futuro distante, a humanidade colonizou (através de prisioneiros) vários planetas em sistemas planetários distantes. Com o passar dos anos, essas colónias alargaram-se, estabeleceram zonas de influência próprias e criaram as suas próprias rivalidades. A grande nação humana no exílio é conhecida simplesmente por Dominion, regida por um governo totalitário - o qual o grupo terrorista liderado por Arcturus Mengsk, The Sons of Korhal, tenta por todos os meios derrubar. Entretanto, na orla do território da Dominion aparece uma raça alienígena particularmente destrutiva (os Zerg), que lentamente invade e infecta alguns planetas. E como se isto não fosse já um problema suficientemente grande, atrás dos Zerg surge outra civilização alienígena, os Protoss, tecnicamente evoluída, que tem um modo muito prático de lidar com o problema dos Zerg: incinerar planetas inteiros a partir de órbita.

É este o ponto de partida de Starcraft, a partir do qual acompanhamos, do lado dos Terran, personagens como Jim Raynor, Sarah Kerrigan e Arcturus Mengsk; nos Zerg, seguimos os planos da Overmind e acompanhamos a evolução de uma vilã muito especial. Com os Protoss, acompanhamos Tassadar, Fenix, Zeratul e Aldaris. Ao longo das três campanhas de Starcraft, e das respectivas sequelas na expansão Starcraft: Broodwar, seguimos o desenrolar da guerra entre as várias facções de Terrans, Protoss e Zerg pela supremacia na galáxia. Os elementos da space opera estão todos presentes - civilizações alienígenas, disputas, conflitos, mortes trágicas, sacrifícios heróicos (e inúteis), traições, paixões frustradas, vinganças, derrotas devastadoras, vitórias pírricas. Falar hoje de space operas e de ficção científica nos videojogos sem mencionar Starcraft é como falar de cinema de ficção científica sem referir 2001: A Space Odyssey ou Blade Runner.

Isto a propósito de um artigo que li há dias na revista SciFiNow, a propósito de Mass Effect 3, que falava da ficção científica no contexto dos videojogos. Uma interessante infografia marcava a evolução do género, desde bons e velhos Doom e Duke Nukem 3D até a jogos mais modernos e brutalmente populares, como Halo (ou o próprio Mass Effect). Incrivelmente, o artigo não menciona Starcraft. Já por ocasião do Dia da Mulher, algumas publicações on-line de videojogos falaram de grandes personagens femininas deste universo (como Aerith Gainsborough ou Lara Croft, por exemplo) e esqueceram Sarah Kerrigan, por muitos considerada a melhor vilã da história dos videojogos (e uma personagem brilhante a todos os níveis). Enfim, Starcraft já conta quinze anos - e também por isso é importante recordá-lo.

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