Via Ars Technica, um artigo interessante: devem os videojogos preocupar-se em contar uma boa história? David Jaffe, designer da série Twisted Metal, acha que não - ainda que não seja contra jogos que contem uma boa história nem seja apologista de jogos vazios de conteúdo, Jaffe considera que os jogos não são, por definição, um meio privilegiado para desenvolver uma narrativa. A sua opinião destina-se a jogos "intencionalmente criados com o propósito de contar uma história ou de expressar uma filosofia ou dar uma narrativa dos designers", e dá alguns exemplos de videojogos de grande sucesso que praticamente não têm contexto narrativo relevante para ilustrar o seu ponto.
É um ponto de vista evidentemente válido, mas demasiado limitado. O universo dos videojogos é actualmente tão vasto, e chega a uma audiência tão diversa que há espaço mais do que suficiente satisfazer quem procura jogos imediatos mas divertidos (como o Angry Birds) e para dar a jogadores mais exigentes aquilo que eles procura. E sim, os jogos podem ser um meio privilegiado para desenvolver uma narrativa, e ao longo dos anos foram muitos os exemplos que comprovaram isto. Para não sairmos do Fantástico, basta pensarmos no tremedo sucesso que foram títulos e franchises como Final Fantasy, Starcraft, Warcraft, Diablo ou Mass Effect. São jogos que podem ser jogados a prestar atenção apenas aos objectivos de cada momento, e não à narrativa que os sustenta? Sim. São jogos que, acima de tudo, tiveram ou têm uma jogabilidade extraordinária e não a sacrificaram por nada? Sem dúvida. Mas também são jogos aos quais a existência de uma narrativa bem construída, com personagens interessantes e um enredo sólido acrescentou complexidade, profundidade e mesmo longevidade.
Um jogo, como diz David Jaffe, pode não ser o meio mais apropriado para "dizer alguma coisa significativa sobre filosofia ou a natureza humana". De facto. Mas nem todas as narrativas de ficção têm esse objectivo - algumas querem apenas e só contar uma boa história. E isto os videojogos conseguem fazer de uma forma muito própria.
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