22 de fevereiro de 2012

Ainda bem que limitaram o orçamento do molho de tomate

Sobre esta crítica de Ricardo Clara no Scifiworld à série The Walking Dead: percebo a crítica, mas não consigo concordar com ela. A série - como qualquer outra, aliás - tem os seus altos e baixos. Por exemplo, achei o quarto episódio da primeira temporada absolutamente extraordinário, enquanto o final ficou um pouco abaixo das expectativas.

Mas o que me agrada na série - nas duas temporadas - é justamente o facto de, por assim dizer, ser mais calma. Percebo que muitos fás do tema zombies preferissem ver em The Walking Dead a adaptação televisiva que a série de videojogos Resident Evil merecia (ao invés daqueles filmes terríveis): muita acção, muitos zombies, e muita carne morta a ser destroçada a tiros de .12 pump-action shotguns nas ruas devastadas de Atlanta, mas a série não pretende ser isso: é, sim, um drama sobre aquelas personagens, e a sua sobrevivência num mundo infestado por mortos-vivos.

Nesse sentido, considero a série particularmente bem sucedida. As cenas da quinta - sobretudo com o problema do celeiro - mostram que não existem oásis naquele mundo, quando Rick tenta desesperadamente encontrar uma forma de manter lá o grupo. O desaparecimento de Sophia serviu de catalisador a algumas personagens, e acrescentou uma carga dramática particularmente forte no oitavo episódio. Já o aparecimento na vila de outras pessoas com intenções ambíguas permitiu demonstrar algo muito importante: que a luta pela sobrevivência naquele mundo não se faz apenas a combater zombies.

Atrevo-me a dizer que é justamente isso - a sobrevivência num mundo devastado, pontuada com momentos verdadeiramente marcantes (o ataque ao acampamento na primeira temporada, a morte de Otis e o aparecimento de Sophia na segunda) - que tornou The Walking Dead num fenómeno francamente improvável - não acredito que muita gente acreditasse que o primeiro episódio da segunda temporada de uma série de zombies adaptada de uma banda-desenhada de zombies fosse visto na noite da estreia por oito milhões de pessoas só nos Estados Unidos. Um shoot'em up de zombies, por mais bem conseguido que fosse, dificilmente conseguiria estes números, pois dificilmente chegaria a outros públicos que não o público habitual, fã do género.

No resto, The Walking Dead está a meu ver excelente: personagens interessantes, representações que, não sendo brilhantes, são sólidas (se quiser ver desempenhos extraordinários, vejo Dexter), um cenário arrebatador e momentos não de terror, mas de bom suspense. Para mim, pelo menos. É tudo isto que me faz considerar The Walking Dead a melhor série do momento (apesar de, confesso, Homeland estar mesmo muito perto).

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