Tal como no cinema, também na televisão o Fantástico esteve em alta durante 2012. Vampiros, zombies, alienígenas, criaturas de contos de fadas - a escolha foi muita, e a qualidade bastante razoável. De um ponto de vista meramente pessoal, a minha série preferida em 2012 não foi uma série do Fantástico (foi Homeland, já agora – apesar de 2012 também ter sido o ano em que finalmente vi Battlestar Galactica), mas o género esteve muito bem representado no pequeno ecrã, e proporcionou-me grandes momentos de televisão.
The Walking Dead, Temporada 2 – Parte 2 (8.8/10)
Os produtores de The Walking Dead parecem ter prestado atenção às críticas do público – A segunda temporada começou de forma interessante, mas a persistência do grupo de Rick na quinta de Hershel levou muitos fãs ao desespero, reclamando uma narrativa mais centrada na acção e noutros espaços. A segunda parte da temporada, que arrancou no seguimento do fantástico episódio do celeiro, começou a ganhar ritmo a cada episódio, para acabar em grande com dois episódios finais formidáveis, com a morte de personagens importantes, a fuga da quinta, a separação do grupo e, claro, a misteriosa introdução de Michonne. O discurso de Rick no episódio final e a revelação aguardada desde a primeira temporada sobre a natureza da epidemia zombie dificilmente poderiam elevar mais a fasquia para a terceira temporada.
Once Upon a Time, Temporada 1 (7.2/10)
Os contos de fadas estão de novo na moda – e resta determinar se Once Upon a Time é causa ou reflexo dessa moda. Na enigmática vila de Storybrooke ninguém é quem de facto aparenta – cada um dos habitantes da vila tem um passado num conto de fadas. Desse passado desconhecido apenas Regina, a Presidente da Câmara, se lembra – ela que, na verdade, é a Bruxa Má e que lançou o feitiço de esquecimento que enviou as personagens das fábulas para o mundo real. E só Emma poderá quebrar esse feitiço, se conseguir acreditar na magia. Ainda que não esteja livre de altos e baixos, Once Upon a Time vale essencialmente pela forma como, a cada episódio, recriou os contos de fadas clássicos e os cruzou com o presente. E, claro, por dois desempenhos extraordinários: Lana Parrila, no papel de Bruxa Má e Presidente de Storybrooke; e Robert Carlyle, no papel de Mr. Gold e Rumplestiltskin.
Game of Thrones, Temporada 2 (8.1/10)
A segunda temporada de Game of Thrones – porventura, uma das mais aguardadas séries de 2012 – incidiu sobre A Clash of Kings, o segundo livro da série A Song of Ice and Fire, de George R. R. Martin. Com mais personagens e mais localizações num mundo cada vez mais vasto, Game of Thrones cresceu e proporcionou aos fãs muitos momentos memoráveis, entre os quais se destacam praticamente todos os protagonizados pelo anão Tyrion Lannister (interpretado de forma sublime por Peter Dinklage, uma vez mais) e a excelente Batalha de Blackwater. Nesta temporada, porém, sentiu-se a falta de um protagonista claro (após a morte de Ned Stark), e algumas alterações narrativas feitas face ao livro podem vir a revelar-se problemáticas para o futuro da série. Ainda assim, o excelente final abriu sem dúvida o apetite para a terceira temporada, que estreará nos Estados Unidos a 31 de Março de 2013.
Falling Skies, Temporada 2 (7.5/10)
Em boa hora os produtores de conseguiram renovar a interessante, ainda que medíocre primeira temporada de Falling Skies – a segunda temporada revelou-se muito mais sólida, ainda que não isenta de falhas. O misterioso regresso de Tom serviu de âncora aos episódios iniciais da temporada, que a partir daí ganhou um ritmo muito sólido com a história da "Second Mass", as várias histórias pessoais dos vários sobreviventes (onde se destacam Ben, Maggie e Weaver) e, sobretudo, com um twist muito interessante acerca dos alienígenas que invadiram a Terra. Tom (Noah Wyle) continua a ser a referência da série, que ao longo da segunda temporada melhorou de episódio para episódio, até um desfecho surpreendente que deixa muitas expectativas para a terceira temporada.
The Walking Dead, Temporada 3 – Parte 1 (9.2/10)
A terceira temporada de The Walking Dead provou definitivamente que a lentidão da segunda temporada é coisa do passado: os oito episódios da primeira parte da temporada são excelentes, com um ritmo muito elevado, bom desenvolvimento de personagens (ver Carl e Maggie), algumas mortes surpreendentes e novas personagens muito promissoras. Michonne ainda não se revelou no portento dos comics, mas para lá caminha, e Merle Dixon regressou em grande. Foi, no entanto, o Governador quem roubou as temporada, com David Morrissey a desempenhar de forma notável o sinistro vilão de Robert Kirkman. Ainda que mais contido e aparentemente mais vulnerável do que nos comics, o Governador conseguiu dar a The Walking Dead uma ameaça muito mais perigosa do que os zombies. No episódio final, esta primeira parte da terceira temporada deixa as expectativas muito elevadas para os restantes episódios.
Prophets of Science Fiction (8.5/10)
Prophets of Science Fiction é uma série de oito documentários televisivos produzidos em 2011 por Ridley Scott para o Science Channel e transmitidos em Portugal durante Novembro e Dezembro últimos pelo Discovery. Cada um dos documentários incidiu sobre uma das grandes personalidades da ficção científica enquanto género literário e cinematográfico, dando destaque às inovações tecnológicas exibidas nas respectivas obras e à forma como inspiraram progressos reais – ou como progressos reais parecem ter emulado aquilo que em tempos pertencera ao campo da ficção científica. É certo que a lista de autores é limitada e que os convidados nem sempre foram os melhores – se é óptimo ouvir os testemunhos de vultos como Harlan Ellison ou David Brin, é discutível se o argumentista de Cowboys & Aliens ou Iron Man 2 têm de facto alguma coisa de relevante a dizer sobre o género. Não é isso, porém, que retira o mérito a estes excelentes documentários.
Sem comentários:
Enviar um comentário