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24 de outubro de 2013

Audrey Niffenegger apresenta sequela a The Time Traveler's Wife em excerto de edição electrónica

Os leitores da recente versão electrónica do livro de estreia da norte-americana Audrey Niffenegger, The Time Traveler's Wife, depararam-se com um extra muito curioso: 25 páginas pré-publicadas da sequela - ainda sem título ou data de publicação prevista, do romance intemporal de Claire e Henry. De acordo com Hunter Liguore no blogue da Amazing Stories, esta sequela (minor spoiler) terá como protagonista a filha do casal, Alba, que herdou do pai a invulgar capacidade de viajar no tempo de forma arbitrária, e que se envolve, em duas realidades temporais distintas, com duas pessoas diferentes - uma das quais também possuidora da sua peculiar habilidade. Não deixa de ser curioso ver a abordagem de Niffenegger para a sequela - tendo esgotado (com um excelente resultado, diga-se de passagem) a premissa na forma improvável como desenvolveu o romance entre os dois protagonistas originais ao longo de uma linha temporal caótica, evita a repetição ao contar não uma história a dois tempos, mas duas histórias a dois tempos - que decerto se irão cruzar a dada altura. 


24 de outubro de 2012

Clube de Leitura Bertrand do Fantástico: The Time Traveler's Wife, de Audrey Niffenegger, com Bruno Martins Soares

Bruno Martins Soares, autor de A Saga de Alex 9, foi o convidado especial da sessão de Outubro do Clube de Leitura Bertrand do Fantástico, que teve lugar no passado dia 12 na Livraria Bertrand do Chiado e que contou com moderação de Rogério Ribeiro. Numa sessão muito interessante, o livro em debate, The Time Traveler’s Wife, de Audrey Niffenegger, foi para o escritor “surpreendente, não era o que estava à espera - mais do que um livro de ficção científica é uma história de amor que conseguiu usar de forma muito inteligente a ficção científica para abordar este tema”, superando o desafio de “tornar original uma fórmula dada.” Para Bruno Martins Soares, numa história de amor “o essencial é aquilo que separa o casal, e as viagens no tempo tornaram isso muito interessante”, com a autora “a desconstruir os acontecimentos de forma muito semelhante aos nossos processos de memória” - acrescentando, numa frase lapidar, que “a memória é a verdadeira viagem no tempo”. Audrey Niffenegger terá, assim, construído todo o livro com uma linguagem que recria “a forma como a memória nos ocorre, e como as relações se constroem com base em memórias” - numa estrutura que em si diz qualquer coisa.

Considerando The Time Traveler’s Wife “um livro muito cinematográfico”, Bruno Martins Soares teceu algumas considerações sobre a escrita cinematográfica, por natureza “mais técnica, rígida e programada” que a literária. O que, curiosamente, torna os manuais de argumentismo “nos melhores livros de escrita criativa, pois as narrativas são estudadas à enésima potência.” Neste caso, esclarece o autor, o talento reside “respeitar a fórmula estabelecida mantendo a humanidade, com a emoção e o conflito” que lhe são característicos - algo que também é relevante quando se escreve um romance.

Sobre Alex 9, a saga de Bruno Martins Soares, Rogério Ribeiro começou por introduzir a ideia de que a trilogia fundiu fantasia épica e ficção científica, “duas coisas aparentemente díspares”. O autor explicou que esse foi o ponto de partida, procurando explorar uma premissa curiosa: “e se uma comando do século XXII fosse parar a um mundo medieval?” Esta ideia, já antiga, começou a ser pensada em 1990 - mas a escrita teve início apenas entre 2007 e 2008. “Houve muitos enredos até chegar aqui”, explica Bruno Martins Soares, sublinhando o trabalho de estruturar a narrativa de forma a torná-la funcional. A noção de publicar a obra em formato de trilogia surgiu após conversa com o editor da Saída de Emergência, Luís Corte Real, mas na cabeça do autor “ainda há mais uma trilogia”, uma história por contar.

À época da publicação [o primeiro volume foi publicado em 2009], Bruno Martins Soares “não sabia ao certo qual era a casa ideal para publicar a série - a primeira abordagem foi para uma colecção destinada ao mercado Young Adult (YA), ou seja, de leitores com idades compreendidas entre os 16 e os 25 anos. Essa foi a abordagem inicial da Colecção Teen, da Saída de Emergência, “que correu mal por vários motivos, e apesar das muitas tentativas para fazer a colecção correr bem”. O autor destaca o facto de, em Portugal, não existir o mercado YA tal como existe no universo literário anglo-saxónico - “as livrarias não sabiam onde colocar a colecção, e acabava por colocar na secção infanto-juvenil.” A mundança da série para a Colecção Bang!, a “colecção-mãe” da editora, foi para o escritor “quase um sonho”, e os dois primeiros volumes da trilogia foram reeditados num só volume com o terceiro livro - algo que considera “inevitável, também porque menos pessoas leram o segundo livro e o objectivo era chegar a um público que não tivesse lido a saga.” Esta republicação obrigou a algumas mudanças para trás, ainda que muito poucas - “apenas no prelúdio e no interlúdio”, esclarece o autor, procurando introduzir mais sensualidade e violência numa história que já não estava pensada para um público mais jovem.

A publicação em três livros, na opinião de Bruno Martins Soares, “facilita a estruturação, dado que a estrutura clássica é de três actos, em crescendo até ao clímax.” Uma das inspirações para a elaboração de Alex 9 acabou por ser a estrutura narrativa da trilogia Star Wars original (“que é tanto de ficção científica como de fantasia”), composta por três momentos distintos: um filme introdutório que apresenta as personagens e o conflito, um segundo filme que complica e coloca os vilões em vantagem, e um terceiro filme de resolução e catarse - isto sem comprometer o valor individual de cada uma das obras. Em Alex 9, esta estrutura é de certa forma seguida ao longo da narrativa de Alex. Outra regra que o autor destacou como relevante é a já clássica de show, don’t tell, sublinhando ser “tão importante ter a capacidade de apresentar as personagens como de as esconder”. E deu o exemplo: “a Alex não sabe o que se passa em grande parte da narrativa, pelo que tive de esconder o que se estava a passar.”
A “escola do cinema” de Bruno Martins Soares explica a sua escrita orientada para a acção. “Estamos num tempo onde toda a gente já viu tudo”, defende, pegando na ideia de Jacques Kerouac de que “gerir a acção é gerir as emoções de quem vê ou lê.” Para ilustrar esta ideia, o autor dá como exemplo a animação japonesa, que “há alguns anos tinha a dificuldade de recriar um combate à velocidade de centenas de desenhos, e a solução foi abrandar a acção.” Algo que, mais tarde, foi recuperado pelo cinema, como em The Matrix.

Sobre a possibilidade de virem a ser escritos e publicados contos dentro do universo de Alex 9, Bruno Martins Soares não descartou a possibilidade, apesar de ter deixado a certeza de que o seu próximo livro “não será no Fantástico”. Com a intenção de “escrever muitas coisas diferentes”, estabelece como próximo objectivo “escrever literatura realista”. Quanto à hipótese de publicar no estrangeiro, o autor considera o mercado brasileiro como a alternativa mais viável. Sobre o mercado editorial português, considera, ao contrário do mercado norte-americano, “ser mais fácil publicar do que vender”, com os livros a terem “tiragens minúsculas que só vendem nas prateleiras das novidades”. “O mercado está viciado, muitas editoras não deviam existir - em Portugal existem mais de 2000 entidades editoras.” Viver da escrita também está nos planos de Bruno Martins Soares, mas reconhece que tal “não é possível em Portugal, e não é com livros, mas com cinema e televisão. Respondendo à questão que ele mesmo levantou - “como se sai daqui” -, falou sobre o filme Regret, do qual foi argumentista e produtor, e que deverá estrear em breve no mercado norte-americano.

Finda a sessão, decorreu a Tertúlia Noite Fantástica, num restaurante cujo nome me escapa (mas que posso garantir ser no Bairro Alto). E seguiu de lá para o Pavilhão Chinês, onde se falou de psicanálise, da série The Matrix, de Battlestar Galactica e de muitos outros temas numa noite particularmente animada.

12 de outubro de 2012

The Time Traveler's Wife

The Time Traveler’s Wife (2003), romance de estreia da norte-americana Audrey Niffenegger, é quase uma obra de ficção científica involuntária: utiliza uma trope clássica do género - as viagens no tempo - para explorar de forma original uma história de amor que, de outra forma, seria a todos os níveis convencional. Na narrativa de Niffenegger, a viagem no tempo é o plot device que sustenta toda a narrativa, mas ainda assim a trope não assume em momento algum o protagonismo: esse é todo dado às duas personagens principais e ao seu envolvimento amoroso. Um romance de ficção científica, portanto.

Essas personagens são Henry DeTamble e Clare Abshire - e a sua história seria banal não fosse uma peculiaridade de Henry. Devido a uma misteriosa anomalia genética, Henry viaja frequentemente no tempo, um processo que escapa por inteiro ao seu controlo. Nunca sabe quando isso pode acontecer, quanto tempo dura ou onde vai parar - se ao passado, se ao futuro. Sabe apenas que momentos de nervosismo e de stress tendem a provocar essa reacção, e que, não pode levar nada consigo para o tempo em que vai, como não pode trazer nada desse tempo. Aparece nu (nem o chumbo dos dentes permanece) no tempo de destino, e regressa nu para onde se encontrava antes. O tempo que passa fora do seu tempo não é igual ao tempo que decorre no seu tempo (confuso, eu sei) - a sua ausência no presente pode ser de apenas dez minutos quando a sua presença no passado ou no futuro pode durar várias horas. Com o passar dos anos, Henry estabelece uma série de rotinas que, se não o ajudam a controlar o problema, pelo menos ajudam-no a lidar com ele. Mantém-se em boa forma física, praticando sobretudo a corrida (nunca se sabe quando terá de fugir de algo), e aprendeu a arrombar vários tipos de fechaduras e a assaltar lojas e casas para conseguir roupa. Mantém roupas em alguns locais - como o seu gabinete na biblioteca onde trabalha - para precaver o seu regresso.

Através das suas viagens do tempo, Henry, já adulto, conheceu Clare durante a sua infância - e sabia, desde o primeiro momento, que se iria casar com ela no futuro (dela). Isto, como se nota no título, não é exactamente um spoiler - aliás, ao longo de toda a narrativa, o que interessa é menos o desfecho, previsível e aludido em vários momentos, e mais as várias situações vividas por Clare e Henry no decorrer da sua relação e das suas vidas fragmentadas. Audrey Niffenegger aborda o tema das viagens no tempo sem recorrer aos paradoxos, partindo do princípio de que tudo aquilo que aconteceu era suposto acontecer (abordagem utilizada por muitos outros autores, entre os quais Heinlein), numa espécie de loop no qual as fronteiras entre passado, presente e futuro se esbatem.

A história é contada através dos pontos de vista de Clare e Henry, alternando-se ao longo dos capítulos, num processo narrativo imprime um ritmo muito bom à narrativa, tanto a dar duas perspectivas diferentes do mesmo acontecimento como no encadeamento entre causa (as viagens de Henry) e efeito (o que acontece no regresso, visto por Clare). Para além das peripécias que vivem, sobretudo no trabalho de Henry, é muito interessante acompanhar os relacionamentos que ambos mantém com outras personagens, sejam amigos, familiares ou colegas de trabalho - como é interessante ver como todos se relacionam com as versões passadas e futuras de Henry (conhecendo-o ou não). 

The Time Traveler’s Wife não será talvez um livro extraordinário, dentro ou fora da ficção científica - a escrita, apesar de sólida, não é especialmente fulgurante. Algum foreshadowing é interessante, mas em alguns momentos resulta em clichés que podiam ter sido evitados, ou pelo menos trabalhados de forma um pouco mais imaginativa - onde se inclui um aspecto do final -, e esperava algumas referências mais substanciais a acontecimentos relevantes (como o 11 de Setembro, por exemplo, apesar de achar disparatadas as críticas que apontaram que Henry devia ter tentado impedir os atentados - não prestaram atenção à premissa?). Há, contudo, momentos de grande inspiração, como a explicação que o Henry do futuro dá a dois miúdos do passado sobre música punk. E há, claro, Clare e Henry, duas personagens complexas, bem desenvolvidas, envolvidas numa trama intrigante.

Convém no entanto recordar que The Time Traveler’s Wife não é, na sua essência, um livro de ficção científica “pura” - quem desejar ler uma obra sobre viagens no tempo mais focada nos aspectos tecnológicos, nas consequências dessa possibilidade ou mesmo na premissa como suporte a uma trama futurista de suspense ou acção , deverá procurar outra coisa. The Time Traveler’s Wife é, sim, um romance recorre a um plot device da ficção científica para contar uma história de amor. E desse ponto de vista, está bastante bem conseguido.

The Time Traveler’s Wife foi adaptado ao cinema em 2009 por Robert Schwentke, com Rachel McAdams no papel de Clare e Eric Bana no papel de Henry, num filme que não foi especialmente bem recebido pela crítica. O livro, recordo, estará em debate hoje ao final da tarde em mais uma edição do Clube de Leitura Bertrand do Fantástico de Lisboa.

11 de outubro de 2012

Clube de Leitura Bertrand do Fantástico regressa a Lisbo

É já amanhã, dia 12 de Outubro, que o Clube de Leitura Bertrand do Fantástico volta a reunir em Lisboa. A tertúlia terá lugar, como habitual, na Livraria Bertrand do Chiado às 19:00, e o livro em debate será The Time Traveler’s Wife, romance de estreia da autora norte-americana Audrey Niffenegger publicado em 2003 (a edição portuguesa é da Editorial Presença e tem o título “A Mulher do Viajante do Tempo). O escritor Bruno Martins Soares é o convidado desta sessão, decerto para falar não só do romance de Niffenegger como também da sua Saga de Alex 9, cuja terceira parte foi publicada este ano pela Saída de Emergência numa edição que reúne os três livros da trilogia. A moderação, como é habitual, está a cargo de Rogério Ribeiro. 

Logo de seguida terá lugar (uma vez mais, para não fugir à regra) a Tertúlia Noite Fantástica, no restaurante Chez Degroote, ao Chiado.

23 de setembro de 2012

Citação fantástica (33)

I wish for a moment that Time would lift me out of this day, and into some more benign one. But then I feel guilty for wanting to avoid the sadness; dead people need us to remember them, even if it eats us, even if all we can do is say I'm sorry until it is as meaningless as the air. 

Audrey Niffenegger, The Time Traveler's Wife (2005)

24 de agosto de 2012

Clube de Leitura Bertrand do Fantástico: Anunciados livros e convidados para as próximas três sessões (Lisboa)

As próximas sessões do Clube de Leitura Bertrand do Fantástico de Lisboa já têm data marcada, livros escolhidos e convidados - com a devida antecedência para que todos os interessados tenham tempo de colocar as leituras em dia. A agenda será:

12 de Outubro: The Time Traveler's Wife, de Audrey Niffenegger (2003). O romance de estreia da norte-americana Audrey Niffenegger é uma história de amor através do tempo, entre Clare Anne Abshire e Henry DeTamble -  que, devido a uma desordem genética muito invulgar, viaja no tempo de forma involuntária e fora de controlo, sem saber onde vai parar. The Time Traveler's Wife foi adaptado para o cinema em 2009 por Robert Schwentke, com Eric Bana e Rachel McAdams. O convidado desta sessão é o autor Bruno Martins Soares, que este ano concluiu A Saga de Alex 9, trilogia recentemente reeditada pela Saída de Emergência num único volume. 



9 de Novembro: Brasyl, de Ian McDonald (2007). Nomeado para os principais prémios internacionais de ficção científica em 2008 e 2009, Brasyl é uma narrativa tripartida, dividindo-se pelo tempo presente, pelo futuro em meados do século XXI e pelo século XVIII - mas sempre no Brasil. Muito apropriadamente, o convidado para a sessão dedicada a este livro é o primeiro convidado internacional do Clube de Leitura (pelo menos em Lisboa) - o autor brasileiro Eduardo Spohr, cujo livro A Batalha do Apocalipse foi publicado em Portugal pela Editorial Presença. 





7 de Dezembro: Lord of Light, de Roger Zelazny (1968). Distinguido com o Prémio Hugo na categoria "Best Novel" em 1968 (e nomeado para o Nébula), Lord of Light passa-se num planeta distante e hostil no qual os colonos da nave espacial "Star of India" se vêem obrigados a sobreviver. E para isso recorrem à tecnologia que dominam, alterando as suas mentes, reforçando os seus corpos e alcançando até uma forma de quase imortalidade... O convidado para a sessão sobre este clássico da ficção científica será o escritor João Leal, que publicou em 2011 o romance Alçapão, na Quetzal.