29 de dezembro de 2012

2012 em videojogos

Ao contrário do que aqui escrevi sobre filmes e séries televisivas, o meu balanço de 2012 em videojogos não se resume aos títulos lançados durante este ano, mas sim nos jogos que joguei ao longo de 2012. Em termos de crítica especializada, diria que 2012 foi o ano de algumas desilusões, com o desfecho da série Mass Effect e o terceiro capítulo da popular série Diablo, da Blizzard Entertainment (que acabei por não jogar), a destacarem-se como dois títulos que ficaram muito longe das elevadas expectativas dos respectivos fãs. Mas 2012 foi também o ano de algumas surpresas – com The Walking Dead, uma aventura gráfica desenvolvida pela Telltale Games com base nos comics de Robert Kirkman, a arrecadar vários prémios de jogo do ano, destacando-se entre lançamentos de franchises aclamadas como Halo ou Far Cry

Mass Effect 3 [6.0/10] 
Se havia título que no início de 2012 aguardava com muita expectativa, esse título seria sem sombra de dúvida Mass Effect 3. Em 2011 descobri esta série de ficção científica, e após dois jogos muito bons, as expectativas não podiam ser mais elevadas para o terceiro capítulo. No entanto, Mass Effect 3 revelou-se uma desilusão – menos personagens do que Mass Effect 2 (e mais desinteressantes, como James Vega), menos opções de exploração da galáxia, uma interface de quests ainda mais confusa, um DLC importantíssimo no dia de lançamento e, qual cereja no topo do bolo, três finais terríveis do ponto de vista narrativo que não só são incoerentes com vários elementos já estabelecidos deste universo, como tornam as escolhas feitas pelos jogadores ao longo de três jogos e de inúmeros DLC completamente irrelevantes. A polémica foi longa e virulenta, e o Extended Cut DLC de resposta não resolveu problema algum. É certo que Mass Effect 3 tem momentos extraordinários, mas a série merecia mais. Muito mais. 

Portal [10/10] 
Portal foi uma das mais fascinantes experiências que tive com videojogos desde que disparei os meus primeiros tiros virtuais em Doom 2. Lançado em 2007 no pacote The Orange Box da Valve, que incluía o segundo episódio de Half-Life 2 e Team Fortress 2, Portal apanhou de surpresa o mundo dos videojogos com a sua simplicidade, a sua jogabilidade única e desafiante, e uma narrativa tão simples como surpreendente. GlaDOS tornou-se quase instantaneamente numa das melhores vilãs da história dos videojogos, e o voice acting de Ellen McLain será porventura o melhor que a indústria já conheceu. Numa época em que os videojogos estão cada vez mais complexos sem serem necessariamente mais desafiantes ou estimulantes, a combinação de simplicidade, jogabilidade e narrativa de Portal são um autêntico triunfo, dando forma a um jogo a todos os níveis perfeito. 


Portal 2 [9.7/10] 
O problema de fazer um jogo perfeito é dar-lhe uma continuação que esteja à altura da fasquia estabelecida. Em 2010, este foi o desafio de Portal 2 – e apesar de este segundo título já não beneficiar do factor surpresa que contribuiu para a aclamação de Portal três anos antes, a Valve soube recriar os elementos que fizeram de Portal um sucesso e introduzir novidades suficientes para dar um efectivo passo em frente na série. GlaDOS continua memorável, e ao voice acting irrepreensível de Ellen McLain juntaram-se Stephen Merchant e J. K. Simmons com desempenhos brilhantes. Mas apesar da qualidade superlativa da campanha individual, o destaque de Portal 2 vai para o extraordinário modo de cooperação online, na qual dois jogadores assumem o papel dos hilariantes robots Atlas e P-Body para superar os desafios de GlaDOS em salas de teste comunitárias. O recente DLC Perpetual Testing Initiative veio tornar Portal 2 num jogo ainda melhor, e praticamente ilimitado.

The Witcher: Enhanced Edition [9.2/10] 
Outro título de 2007 que apenas experimentei durante 2012, The Witcher é um jogo role-play de acção baseado no sombrio universo de fantasia épica do autor polaco Andrzej Sapkowski. Desenvolvido pelos estúdios polacos da CD Projekt Red, The Witcher é uma aventura assombrosa – em ambos os sentidos. O protagonista, Geralt of Rivia, é um witcher que se vê envolvido numa vasta conspiração na qual a neutralidade se revela de todo impossível. Tal como a ficção na qual se baseia, The Witcher adquire um tom adulto que roça com frequência o sarcasmo, quando não o cinismo, desconstruindo algumas convenções do género, tanto na literatura como nos videojogos (a quest da dríade e dos lobos é disso um soberbo exemplo). Podem ser apontadas algumas falhas à tradução do original polaco para o inglês, sobretudo no que diz respeito a alguns momentos do voice acting, mas tanto em termos narrativos como em jogabilidade The Witcher é um jogo formidável.

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