The success of Inception and Avatar, two massive science fiction movies that were original, make a movie like Oblivion possible. I love both those movies, and trust me, I was citing those when I was selling this to the studios -- [proof] that original science fiction can work. You need a big movie star at the center of it. You need a really compelling story. You need to show people they haven't seen before. But yeah, I'm really excited -- it seems like there's a lot of science fiction coming out this year that I'm excited to see.
Avatar e Inception foram de facto sucessos comerciais assinaláveis - o primeiro alargou as fronteiras tecnológicas do cinema com uma impressionante e ímpar utilização do 3D, e o segundo recebeu elogios rasgados da crítica e foi aclamado em muitos quadrantes como o novo grande filme de ficção científica. Kosinski tem razão ao considerar que sucessos como estes foram - são - necessários para que possam surgir mais filmes originais de ficção científica. Mas a verdade é que nem Avatar nem Inception fizeram o género dar um passo em frente - como fizeram, no seu tempo, 2001: A Space Odyssey, Star Wars, Alien, Blade Runner ou The Matrix.
E não o fizeram por fragilidades narrativas evidentes. Sobre Avatar já foi praticamente tudo dito, com as inevitáveis comparações com Pocahontas, Dances With Wolves, Princess Mononoke e tantas outras histórias que seguem a velha premissa do homem civilizado que destrói a natureza e se apaixona pela nativa. Visualmente, é um portento, e tem o mérito de, de facto, abrir as portas a todo um novo universo ficcional que James Cameron pode explorar em futuras sequelas - mas de um ponto de vista narrativo é banal. Inception, por seu lado, é um heist movie revestido de ficção científica, e a sua fraqueza é aquela que tantas e tantas vezes é identificada na ficção científica clássica: demasiado plot para poucas personagens. De facto, o que vale em Inception é a premissa, e a forma como ela é executada naquela apoteótica (e impressionante) sobreposição de sonhos - as personagens, essas, são um mero veículo para a premissa, e pouco mais.
De facto, 2013 tem na agenda muitas estreias interessantes de ficção científica - Oblivion é uma delas, sem dúvida, mas poderia também mencionar Pacific Rim, Elysium e Ender's Game. Mas por mais curioso que esteja quanto a estes filmes, e por mais que espere gostar destes filmes (o meu entusiasmo por Pacific Rim é quase palpável), não vejo em nenhum deles algo que, há mais ou menos um ano, esperava ver em Prometheus: a promessa de fazer avançar o género, de mostrar algo estimulante tanto do ponto de vista visual como do ponto de vista narrativo e mesmo do ponto de vista intelectual. Sim, Prometheus foi uma desilusão - mas o potencial estava todo lá, e esse potencial está ausente das estreias previstas para 2013.
O que, note-se, está longe de ser algo negativo - afinal, seria óptimo termos pelo menos um filme com a qualidade de Inception a cada ano; se houver dois ou três, tanto melhor. É óptimo saber que o género está vivo, e que nos deu nos últimos anos sucessos críticos e comerciais como Moon, District 9 e Looper - para além dos já mencionados, claro. Mas fica, para já, a faltar o próximo grande filme do género, aquele que deixará a sua marca indelével na ficção científica cinematográfica. Talvez se esteja a chegar lá.
(Quanto a Oblivion, saberemos quão bom é na próxima semana)
Fonte: io9
7 comentários:
Por vezes os filtros da nostalgia fazem-nos falar de certas coisas só vendo cambiantes cor-de-rosa.
Ao fim e ao cabo o que escreves sobre o Inception (mero heist movie) poderia (e foi) dito do Blade Runner que também nada mais é que um retro-futurista film noir em que até um Peter Lorre não falta. Não fosse o trabalho visual no BR e também pouco haveria a dizer do mesmo que, diga-se de passagem, subverte por completo a paranoia do Dick em relação aos simulacra.
Mas o trabalho visual de "Blade Runner" é apenas a sua característica mais evidente - e que ganhou relevância na antecipação que faz ao cyberpunk que se tornaria na grande tendência alguns anos mais tarde. Para todos os efeitos, "Blade Runner" continua a ter um excelente argumento (por mais distante que esteja do livro de Philip K. Dick), personagens realmente interessantes, como Deckard e Batty, e uma nova abordagem a uma premissa mais ou menos tradicional.
No "Inception" há apenas uma premissa interessante - e, diga-se de passagem, Satoshi Kon desenvolveu-a melhor em "Paprika".
Eu não penso que o Deckard seja assim uma personagem tão interessante. Aliás a cada novo visionamento mais unidimensional ele me parece. Comparando Deckard com outros grandes do film noir como Orson Welles em Touch of Evil, Nicholson em Chinatown, Bogart em The Big Sleep, etc até arriscarei dizer que é um belo canastrão sendo que o próprio Ford disse que fez o papel sem grande entusiasmo.
Mas isto também pode advir do facto de eu conviver com o Blade Runner há 30 anos (sim, vi-o em estreia no Castil) e de em tempos o ter tido no meu top 25. Depois do Director's Cut de 90 e da Final Cut de agora comecei a depreciá-lo vertiginosamente.
O Deckard pode ser mais interessante no livro, concedo, mas nem por isso deixa de ser interessante no filme. Curiosamente, essa falta de entusiasmo do Harrison Ford encaixa que nem uma luva na personagem.
Não questiono os grandes desempenhos de outros no género noir - o "Blade Runner" vai buscar influências aí, mas julgo que não seja um filme noir no sentido dos que mencionas. Apenas o vi pela primeira vez na estreia da Final Cut, em 2007 (passou no El Corte Inglés), dois ou três anos após a leitura do livro do Philip K. Dick. A primeira impressão que tive foi ser muito melhor do que a esmagadora maioria dos filmes que já tinha visto até à data, sobretudo em termos visuais. Voltei a vê-lo algumas vezes, na versão original e na final cut, e a sensação mantém-se.
De qualquer forma, o ponto não é esse. "Blade Runner" é a vários níveis um marco na ficção científica - pela estética que preconizou, pela história que contou, pela forma como o insucesso inicial deu lugar a uma obra de culto. Isto não é a minha opinião - é uma percepção mais ou menos generalizada. Em termos meramente narrativos, "Star Wars" também não é nada de especial - e nem por isso deixa de ser um marco. A premissa de "The Matrix" é muito discutível, e nem por isso deixou de gerar inúmeras discussões interessantes (para além de ter mudado de forma radical o cinema de acção). Ora "Inception" não tem nada disto. É um bom filme com uma premissa intrigante e uma excelente componente visual, mas nada mais do que isso. E em termos estéticos, é mais provável que "Avatar" deixe um legado mais duradouro...
Acho que ainda é cedo para falar do Inception, o tempo ditará o seu destino. Pessoalmente, mantenho o que disse quando o vi, acho que não vai envelhecer tão bem como muitos sugerem. Ou seja, gostei do filme - adoro o tema em si e os filmes heist - mas não acho que vá ser um dos clássicos do género como são os citados no texto, nem de longe.
Aliás, goste-se ou não, a verdade é que Matrix, Blade Runner, Alien e Star Wars, são de facto clássicos do género, filmes de culto, isso é inegável, independentemente da qualidade que possam ter até. Eu gosto de todos e gosto do return of the jedi que tem tanta coisa que me faz comichão :P
O Star Trek começa na TV, por isso o culto talvez venha daí, mas há mto bons filmes da saga (e maus tb).
"acho que não vai envelhecer tão bem como muitos sugerem. Ou seja, gostei do filme - adoro o tema em si e os filmes heist - mas não acho que vá ser um dos clássicos do género como são os citados no texto, nem de longe."
Estamos em sintonia, meu caro.
" Eu gosto de todos e gosto do return of the jedi que tem tanta coisa que me faz comichão"
O que salva os Ewoks do "The Return of the Jedi" é o Jar-Jar Binks de "The Phantom Menace" :p
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