No que à ficção científica em língua portuguesa diz respeito, poucos nomes merecem o destaque de João Barreiros, um dos seus mais ilustres praticantes, com uma actividade tão relevante como multifacetada ao longo das últimas quatro décadas - foi (e é) autor, tradutor, crítico, antologista, editor, e, aicma de tudo, fã incondicional do género. Formado em Filosofia, desenvolveu a sua carreira literária em paralelo com a profissão de professor do Ensino Secundário; os seus primeiros contos publicados datam de 1977, numa edição de autor intitulada Duas Fábulas Tecnocráticas. Alguma da sua ficção curta encontra-se reunida em várias colectâneas, como O Caçador de Brinquedos e Outras Histórias (1994), A Verdadeira Invasão dos Marcianos (2004) e Se Acordar Antes de Morrer (2010); outros contos encontram-se dispersos por várias antologias e publicações profissionais e amadoras. Com Luís Filipe Silva assinou Terrarium: Um Romance em Mosaicos, obra maior (na ambição e no resultado) da ficção científica portuguesa, publicado em 1996 na entretanto extinta colecção "azul" da Caminho. A Bondade dos Estranhos, de 2007, é o seu segundo romance.
Como antologista, organizou Lisboa no Ano 2000, antologia de 2012 publicada pela Saída de Emergência, na qual desenvolveu - e partilhou com outros autores - um universo ficcional retrofuturista de estilo teslapunk sob o mote de uma Lisboa alternativa na viragem do milénio. Na qualidade de editor, teve a seu cargo as (infelizmente curtas) colecções de ficção científica das editoras Clássica e Gradiva; sob a sua orientação foram publicados autores à época inéditos em Portugal como Dan Simmons, William Gibson ou Iain M. Banks. E traduziu romances como The Eye of the Queen, de Phillip Mann, The Song of Kali, de Dan Simmons, e The Forever War, de Joe Haldeman, entre vários outros. As suas críticas literárias foram publicadas em jornais como o Público e O Independente, e nas revistas Ler e Os Meus Livros. Foi um dos membros fundadores da Simetria - Associação Portuguesa de Ficção Científica e Fantástico, e em 1984 (há precisamente 30 anos) participou activamente na organização do célebre Ciclo de Cinema de Ficção Científica, da Cinemateca de Lisboa e da Fundação Calouste Gulbenkian.
João Manuel Barreiros nasceu a 31 de Julho de 1952, e assinala hoje o seu 62º aniversário.
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