Há exactamente um ano, a ficção científica literária perdia um dos seus mais interessantes e talentosos autores. Falo do escocês Iain M. Banks, que no início do ano recebera o diagnóstico de um cancro de tratamento impossível que o levaria alguns meses mais tarde - e demasiado cedo, diga-se de passagem. Banks até nem começou a sua carreira literária na ficção científica, mas no mainstream - como atesta o seu romance de estreia, The Wasp Factory (1994), e os vários livros que se lhe seguiram, como Walking on Glass, The Bridge, Canal Dreams, Crow Road (adaptado para televisão pela BBC), Complicity, Transition e Stonemouth, entre vários outros. Sem esquecer The Quarry, o seu último romance publicado e já a título póstumo - uma história sobre uma criança autista o seu pai doente com um cancro terminal (a ironia é triste, mas trata-se de coincidência: quando Banks começou a escrever The Quarry, não conhecia ainda o seu diagnóstico).
Mas Banks acabou por ocupar um lugar especial na ficção científica ao criar o universo ficcional da "Culture" em Consider Phlebas (1987), uma space opera fascinante que imagina uma utopia galáctica pós-escassez na qual a Humanidade vive e convive com Inteligências Artificiais hiper-desenvolvidas (cujas, naves-corpo possuem os nomes mais originais da ficção científica, de longe). A Consider Phlebas seguiram-se oito romances e uma colectânea de contos: The Player of Games (1988), Use of Weapons (1990), Excession (1996), Inversions (1998), Look to Windward (2000), Matter (2008), Surface Detail (2010) e The Hydrogen Sonata (2012) são os títulos dos romances; The State of the Art é a colectânea, publicada em 1991. Na sua ficção cientifica incluem-se ainda Against a Dark Background (1993), Feersum Endjinn (1994) e The Algebraist (2004). Para espanto de muitos, o seu gosto pela ficção científica era tão sério como genuíno: por várias vezes desmentiu a ideia de que escrevia o género para poder publicar os seus romances mainstreams, afirmando que quanto muito, era a sua ficção "literária" que lhe permitia escrever ficção científica; e numa das suas últimas entrevistas em vida, lamentou não concluir a sua carreira com um romance da "Culture".
Iain M. Banks era um dos convidados de honra da LonCon 3, a edição de 2014 deste ano da Worldcon, que terá lugar em Londres - onde lhe será feita uma homenagem. Nasceu a 16 de Fevereiro de 1954 em Dunfermline, na Escócia, e faleceu a 9 de Junho de 2013, aos 59 anos de idade.
2 comentários:
Acho que nunca fiquei tão triste com a morte de um autor - estava a conhecê-lo e a adorá-lo quando isto aconteceu.
Culture tornou-se rapidamente numa das minhas sagas preferidas; pura magia inspiradora.
RIP :(
Também estava a começar a conhecer a obra do Banks quando ele faleceu - e gostei imenso do que li. Uma grande perda, sobretudo por ainda ser tão "novo".
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