No ano passado, mais ou menos por esta altura, comecei a escrever um breve texto a assinalar o aniversário de Iain Banks, cuja série de ficção científica literária "Culture" me surgia muito recomendada por alguns amigos. Por desconhecimento da obra do autor, acabei por não concluir e publicar o dito artigo - afinal, Banks fazia 59 anos; haveria tempo, pensei. Triste engano: poucas semanas mais tarde, o autor anunciou padecer de cancro terminal, e de lhe restarem talvez seis meses de vida. Restaram cerca de dois; faleceu a 9 de Junho, naquela que terá talvez sido a mais trágica das muitas perdas que a literatura de ficção científica conheceu num ano especialmente aziago - pela "juventude", pela irreverência, pelo magnífico legado de quase três décadas de escrita, tanto no género como no mainstream.
Dias antes de Iain Banks - que assinava a sua ficção científica como Iain M. Banks - falecer, começava eu a leitura de Consider Phlebas, o romance de 1987 que abre o universo ficcional da "Culture". E dificilmente poderia começar melhor - uma space opera fascinante e vertiginosa, rica no pormenor e na aventura, num futuro distante pós-escassez onde as Humanidade vive e convive com Inteligências Artificiais ("Minds") e as naves espaciais têm os nomes mais... originais da ficção científica. Neste universo, Banks viria a escrever mais oito romances (The Player of Games, Use of Weapons, Excession, Inversions, Look to Windward, Matter, Surface Detail e The Hydrogen Sonata, este último em 2012) e alguns contos, compilados na colectânea de 1991 The State of the Art. Ainda na ficção científica, publicou três romances individuais: Against a Dark Background, Feersum Endjinn e The Algebraist. Na sua bibliografia incluem-se ainda títulos como The Wasp Factory, o seu romance de estreia, publicado em 1984; Walking on Glass, The Bridge, Espedair Street, Canal Dreams, Crow Road (este adaptado para mini-série televisiva pela BBC), Complicity, Whit, A Song of Stone, The Business, Dead Air, Tranision e Stonemouth. The Quarry, já publicado a título póstumo no ano passado, foi o seu último romance.
A efeméride, este ano, não fica em branco. Iain [M.] Banks nasceu a 16 de Fevereiro de 1954 em Dunfermline, na Escócia; se fosse vivo, celebraria hoje o seu 60º aniversário.
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