"Repent, Harlequin!", Said the Ticktockman (1965): Harlan Ellison conquistou o Prémio Nébula em 1965 e o Prémio Hugo em 1966 na categoria de "Best Short Story" com "Repent, Harlequin! Said the Ticktockman, conto publicado originalmente nas páginas da revista Galaxy Science Fiction - e, diga-se de passagem, venceu-os com distinção. Numa pequena história com um prefácio retirado de Thoreau e um início mais ou menos a meio da sua narrativa - o início "aprende-se depois", refere o próprio -, Ellison recria uma distopia burocrática, quase retro-futurista na sua aparência, que vive obcecada com os horários, com as escalas, com a pontualidade e o rigor. Em suma, com o tempo. Ao ponto de um atraso constituir um crime, e cada minuto de atraso nas tarefas de um cidadão significa um minuto a menos na sua vida, retirado com inabalável rigor pelo Master Timekeeper, conhecido por Ticktockman. Até que os distúrbios provocados por um enigmático arlequim começam a provocar atrasos e a semear o caos naquela sociedade controlada de forma rígida pelos ponteiros do relógio. Esta imaginativa distopia reminescente em alguns dos seus motivos de Nineteen Eighty-Four de Orwell (inspiração mencionada na própria narrativa) ganha vida com a escrita prodigiosa de Ellison, que quebra regras e convenções para dar forma a imagens prodigiosas que, nas entrelinhas, mostram do que são feitas as revoluções.
I Have No Mouth, and I Must Scream (1967): Antes de HAL-9000 se tornar célebre no cinema pela eliminação metódica da tripulação da nave Discovery, antes de Wintermute manipular mentes no ciberespaço, antes de GlaDOS libertar neurotoxinas e o seu irresistível humor negro - antes de todas estas Inteligências Artificiais conquistarem o seu lugar de destaque na ficção científica moderna, já AM, a cruel IA concebida por Harlan Ellison em I Have No Mouth, And I Must Scream, despertava nos últimos sobreviventes de uma Humanidade extinta os seus mais primitivos terrores. AM terminou da forma mais drástica possível a guerra entre as nações humanas - e ocupa o seu interminável tempo a submeter os cinco sobreviventes, virtualmente imortais, presos num vasto complexo como ratos num labirinto infinito, às mais cruéis torturas. Escrito de uma assentada numa noite de 1966, I Have No Mouth, and I Must Scream foi publicado pela primeira vez na revista IF: Worlds of Science Fiction em Março de 1966. Conquistou o Prémio Hugo na categoria de "Best Short Story", e cedo se tornou num dos mais populares contos de Ellison, tendo sido republicado em várias antologias do autor. O próprio Ellison adaptou e alargou a história para um jogo de computador homónimo, desenvolvido pela (extinta) Cyberdreams e distribuído em 1995.
Sem comentários:
Enviar um comentário