Decorreu no passado fim-de-semana mais uma etapa - porventura a última antes do lançamento? - da fase Beta de testes a Defiance, o Massively Multiplayer Online Shooter ligado à série homónima do SyFy Channel que vai estrear em Abril nos Estados Unidos (não irá ser transmitida em Portugal). A diferença desta vez foi o levantamento dos non-disclosure agreement, pelo que os participantes no teste podem falar sobre a experiência - algo que, após duas fases Beta e uma longa fase Alfa, tenho aguardado com alguma expectativa. Aqui ficam as minhas primeiras impressões sobre o jogo - infelizmente sem screenshots disponíveis para acompanhar o texto, pois por algum motivo o jogo (ou o meu sistema) não me permitiu obter imagens.
1. Jogabilidade: Para quem, como eu, adquiriu boa parte da sua experiência em jogos online mais orientados para o role-play, como World of Warcraft, o início de Defiance irá decerto parecer estranho. As opções de personalização de personagens são mais escassas (há duas raças - com ambos os géneros - e quatro classes com poucas diferenças práticas entre elas), e falta alguma diversidade no ambiente introdutório. Cada personagem está equipada com uma interface que permite ter duas armas diferentes, um escudo e alguns atributos obtidos através de uma espécie de talent tree que pode parecer algo confusa ao início. No entanto, a partir do momento em que nos habituamos aos controlos e à interface e nos aventuramos naquele mundo devastado - para seguir as várias missões da narrativa, para fazer os vários desafios espalhados pelo mapa ou, mais simplesmente, para um bocado de acção trigger happy -, Defiance torna-se num jogo bastante divertido (ainda que longe de estar perfeito). O mapa é vasto e a introdução de veículos (com condução muito pouco suave, admita-se) logo no início torna a exploração mais fácil e divertida. Para além das várias missões principais e secundárias, há vários desafios diferentes espalhados pelo território, e os eventos colectivos são tão caóticos como entusiasmantes.
2. Narrativa e ambiente: A narrativa principal é introduzida num vídeo inicial que enquadra a criação da personagem jogável e apresenta algumas das personagens principais tanto do jogo como da série - com destaque para Joshua Nolan (Grant Bowler) e Irisa Nyira (Stephanie Leonidas). Estas duas personagens de destaque da série vão regressar ao jogo para uma sequência de missões formidável, e muitas outras acompanham o nosso (ou a nossa) Ark Hunter naquele território. Esta narrativa é desenvolvida através de uma sequência de missões principais com várias missões secundárias entre elas (uma coisa que estranhei foi a ausência de um quest log detalhado: o jogo só permite uma missão narrativa de cada vez). Os momentos principais são introduzidos por vídeos gerados pelo motor gráfico do jogo, com um voice acting bastante sólido, ainda que os diálogos de algumas personagens possam ser bastante cheesy (Karl Von Bach é disso um exemplo estridente, mas John Cooper compensa).
Fora das personagens, a atmosfera do jogo é excepcional - mesmo estando os gráficos muito longe, em termos de qualidade, do melhor que os sistemas actuais podem oferecer. Aquela Bay Area devastada, repleta de ruínas, flora surreal e criaturas hostis convida à exploração, e estabelece um excelente ambiente para o jogo.
3. Dificuldade: Shooters na terceira pessoa são um tipo de jogo no qual tenho muito pouca prática, pelo que fiquei bastante surpreendido com a facilidade com que me adaptei aos controlos de Defiance, tanto com uma personagem centrada em armas de precisão (sniper) como com outra a apostar em fogo rápido (machinist). E, de facto, é divertido andar por aquela Califórnia devastada a seguir a narrativa principal e a perseguir Arkfalls - os world raids do jogo. Estes eventos ao ar livre estão pensados para grupos grandes, organizados ou não - é sempre surpreendente ver como se formam de forma espontânea grupos caóticos de dezenas de jogadores ou pequenos grupos de personagens que se encontram e que acabam por perseguir duas ou três Arkfalls na mesma região. Até onde consegui explorar, as missões narrativas não são, regra geral, difíceis de executar a solo, ainda que alguns obstáculos sejam sem dúvida mais simples de ultrapassar com a companhia de um ou dois amigos. Mas, diga-se de passagem, a sensação de conseguir derrubar sozinho uma "Hellbug Matriarch" (uma criatura insectóide que não destoaria em Starship Troopers) ou dois Tankers (mutantes cheios de esteróides e granadas) em simultâneo é excelente.
Resumo: Para um jogo que deverá estar no mercado em poucas semanas (uma, duas?), Defiance tem sem dúvida muitas arestas por limar. É uma pena que não dê maior profundidade à criação de personagens, mas a verdade é que após a primeira meia-hora de habituação o jogo torna-se bastante divertido e por vezes desafiante. Gostaria de o ter testado com um ou dois amigos para perceber melhor como funcionam as interacções entre jogadores (o chat é muito limitado), mas mesmo a solo o ambiente de jogo e a narrativa tornam a experiência bastante interessante, ainda que provavelmente apenas a médio prazo. Alguma companhia e as modalidades player versus player (que nunca testei) decerto darão uma maior longevidade ao jogo.
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