A história, que como o título rasurado indica trata-se de uma paródia a Fausto, começa com uma série de acontecimentos invulgares que despertam a atenção tanto dos feiticeiros da "Unseen University" como da própria Morte - e esses acontecimentos estão associados a Rincewind, a correr pela vida (literalmente) desde que ficou aprisionado nas "Dungeon Dimensions". A sua sorte conhece uma mudança um tanto ou quanto relativa quando o jovem demonologista Eric Thursley decide tentar evocar um demónio que lhe conceda os três desejos clássicos: tornar-se senhor de todos os reinos, ter a mulher mais bela do mundo, e alcançar a imortalidade. A sua evocação, porém, não atrai um demónio, mas o desgraçado do Rincewind - que, para sua surpresa, descobre a capacidade de concretizar os desejos de Eric, ainda que de forma um tanto ou quanto... literal.
A um ritmo ainda mais rápido do que o habitual, Pratchett coloca Eric e Rincewind - e, claro, a inevitável Luggage - numa aventura atribulada que os vai levar a uma civilização na selva, à antiguidade de Discworld, e mesmo a tempos e lugares tão improváveis como a criação do Disco e um Inferno com uma noção muito burocrática de flagelos eternos. Pelo caminho, Pratchett aproveita para parodiar as civilizações antigas e os cultos da América, a Guerra de Tróia e a Odisseia, a criação do mundo e às idiossincrasias de alguns demónios do Inferno.
É certo que Faust Eric está longe de ser um dos melhores livros da série, e isso não se deve ao número reduzido de páginas - Rincewind e Luggage (e a Morte) são personagens já desenvolvidas em livros anteriores (The Colour of Magic, The Light Fantastic, Sourcery), e Eric nunca é muito desenvolvido para além do seu carácter adolescente, funcionando mais como um plot device do que como uma personagem propriamente dita. No entanto, nem por isso Faust Eric deixa de ser um livro muito divertido, à boa maneira de Discworld: as várias situações em que os protagonistas se envolvem são hilariantes, e é impossível não rir com mais um Ritual de AshkEnte, ou com a forma como Pratchett recria e desconstrói os vários elementos da Guerra de Tróia, da beleza lendária de Helena ao célebre cavalo de madeira. Talvez alguns destes aspectos pudessem beneficiar de desenvolvimento adicional, e com mais algumas dezenas de páginas Faust Eric se aproximasse de Guards! Guards! ou Mort; nem por isso, porém, deixa de ser um livro muito divertido e um capítulo relevante no arco narrativo do feiticeiro mais inábil e hilariante de Discworld.
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