The Ones Who Walk Away from Omelas é sem dúvida um dos contos mais conhecidos de Ursula K. Le Guin - se não for mesmo o mais popular. Publicado originalmente em 1973, na antologia New Dimensions-3 de Robert Silverberg, foi o vencedor do Prémio Hugo para Melhor conto no ano seguinte e desde então foi editado em várias antologias da autora (como na antologia de 1975 The Wind's Twelve Quarters e na recente The Unreal and the Real: Selected Stories of Ursula K. Le Guin). Para retirar o óbvio do caminho: The Ones Who Walk Away from Omelas é um conto a todos os níveis extraordinário, de uma simplicidade desarmante que atira o leitor ao tapete nos parágrafos finais quando revela a premissa da história e coloca uma questão deveras incómoda. Numa narrativa sem diálogos ou personagens, o narrador convida o leitor a descobrir Omelas, uma extraordinária cidade de utopia onde a vida é perfeita e toda a gente é feliz. Ou melhor: onde quase toda a gente é feliz. A felicidade da população de Omelas tem um preço que todos os seus cidadãos conhecem muito bem, pois todos o pagaram. Muito curto, o conto ganha força pelas descrições rápidas de Le Guin, pintando um quadro hiper-colorido e fascinante de uma utopia - para colocar no centro desse quadro uma pequena mancha negra, em forma de ponto de interrogação, que se assume como motivo principal da obra. Se a cidade é perfeita, quem são, então, aqueles que a abandonam? E por que motivo o fazem? No final, The Ones Who Walk Away from Omelas assume-se desconfortável, mas é desse desconforto que depende a premissa prinicipal do conto. Com uma escrita magistral, este será sem dúvida um dos grandes contos de Ursula K. Le Guin, e uma excelente prova do vasto mérito literário de uma das maiores autoras que o género já conheceu.
The Sea and Little Fishes foi o primeiro texto que li de Terry Pratchett (e que me decidiu a começar a ler Discworld). Publicado em 1999 na antologia Legends, de Robert Silverberg, é possível encontrá-lo agora, numa versão ligeiramente aumentada, na antologia A Blink of the Screen: Collected Short Fiction de Pratchett. A personagem central de The Sea and Litthe Fishes é Granny Weatherwax, uma das principais personagens de Discworld e protagonista de livros como Equal Rites, Wyrd Sisters ou Witches Abroad, entre muitos outros. A história é simples: as bruxas de Lancre vão realizar o seu torneio anual de bruxaria (com várias modalidades), mas Lettice Earwig, a organizadora, não quer que Granny participe - pois sempre que participou, venceu o torneio de forma incontestável. A tarefa de convencer a anciã a não participar cabe, naturalmente, a Nanny Ogg, e tudo se complica quando, para supresa de todas, Granny concorda em não concorrer. É claro que a história não acaba aqui - e é claro que, tratando-se de Granny Weatherwax, nada do que se seguirá será exactamente previsível. Fiel ao estilo que o tornou num dos mais aclamados autores contemporâneos de fantasia, Terry Pratchett tem em The Sea and Little Fishes um conto longo e muito bem conseguido, no qual utiliza personagens e um contexto já familiares para desenvolver uma história simples e muito, muito divertida. Em termos cronológicos, antecederá A Hat Full of Sky, o trigésimo-segundo livro de Discworld, servindo-lhe de prequela; pode, no entanto, servir como uma excelente introdução à série e ao seu singular sentido de humor. Só por si, vale o preço da antologia (que tem mais contos muito bons).
Sem comentários:
Enviar um comentário